O portal de uma cidade é o cartão de visita do município. Na Avenida Governador Jânio Quadros, na Vila Jamil, na divisa entre Ferraz de Vasconcelos e o bairro de Guaianazes, em São Paulo, não é diferente. As atuais condições do bairro e das vias evidenciam a situação caótica vivenciada pelos ferrazenses.
Na situação das vias, ainda em 2017, o vereador Eliel de Souza (PR), o Eliel Fox, decidiu pedir a Prefeitura a realização de operação tapa-buraco na Vila Jamil. A reivindicação aconteceu na sessão ordinária, no dia 11 de setembro. Na ocasião, o legislador pediu o fechamento da buraqueira da Rua Estácio de Sá, da Rua Mem de Sá e Moreira Neto. De lá pra cá, a situação só piorou, principalmente na última, sendo a via que abriga a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro.
A Rua Moreira Neto é digna de um cenário apocalíptico. A buraqueira se misturou ao esgoto logo no cruzamento com a Avenida Jânio Quadros e os pedestres precisam se aventurar ao passar pelo local, desviando dos veículos e de um possível “banho de esgoto”. Na área da saúde, na mesma via, a UBS encontra-se abandonada. Pichada em sua fachada e funcionando em condições mínimas, sem medicamentos e médicos.
O vereador Antonio Marcos Atanazio (MDB), o Marcos BR, visitou a antiga sede da Escola Técnica Estadual (Etec) em março, ao lado do secretário municipal da Saúde, Marco Aurélio Alves Feitosa, e requisitou a transferência de equipamentos públicos de saúde para aquele espaço. Atualmente, o prédio serve de abrigo para criminosos e usuários de drogas e não há prazo para transferência ou reforma do local.
No esporte, a antiga quadra da Etec está totalmente abandonada. Os muros pichados, lixo espalhado por toda a parte. As traves foram retiradas, sendo substituídas por postes de madeira, instalados de forma emergencial pelos próprios morados. Hoje, os munícipes que se aventuram e tentam praticar alguma atividade esportiva no local, se é que podemos chamar assim, apenas conseguem durante o dia, pois os refletores estão queimados e mesmo assim precisam conviver com usuários de drogas e um cenário devastador. O mato já está em boa parte da quadra, assim como móveis, vidros quebrados e inúmeros sacos de lixo.
“O local é um verdadeiro lixão. Ninguém consegue jogar bola ali. Antes eu ainda brincava com meus amigos, hoje minha mãe não deixa mais”, disse Felipe Almeida, de 13 anos.
Na questão do trânsito, os faróis estão todos apagados. No encontro entre a Rua Dom João III e a principal avenida do bairro, a Jânio Quadros, os motoristas se cruzam em todas as direções. Acidentes acontecem a todo o momento. Não há sinalização para os motoristas, menos ainda para os pedestres.
“Semana passada vim trazer minha neta para comer um pastel aqui, tivemos que correr, pois quase fomos atropelados. Não dá pra tirar o olho da criança, nem dos carros”, disse de forma humilde, o Sr. Carlos Santana, o “Carlim”.
Tratando-se de conexão entres os bairros, é impossível transitar pela passarela da linha do trem, que faz encontro da antiga Etec com a Avenida José do Patrocínio, no Jardim Júlio de Carvalho. Um forte odor de lixo misturado a carcaças de animais, sem falar dos móveis abandonados e restos de drogas. Não há iluminação e os assaltos são constantes, todavia este não é o único problema de segurança do bairro.
No âmbito do transporte público, o ponto de ônibus se perdeu em meio ao mato. Aqueles que aguardam pelo transporte, abdicam de sentar no local e preferem aguardar um pouco mais adiante, próximos aos comércios.
“É um questão de segurança. Os próprios ônibus já param por aqui e não mais lá”, disse Cinthia Silva, que esperava o ônibus rumo a Guaianazes.