Convertido em palco de animosidades entre Irã e os Estados Unidos, o Iraque é hoje um exemplo de como a intrincada geopolítica do Oriente Médio produz inimigos e aliados circunstancias — que podem se converter em oponentes irreconciliáveis tempos mais tarde — e leva a reações em cadeia em toda a região sempre que alguma ação chacoalha o instável equilíbrio de forças local.

Em uma área de 7,2 milhões de quilômetros quadrados e com quase 300 milhões de habitantes, parte dos governos centrais têm pouca tradição ou domínio político e lideranças religiosas costumam exercer poder sobre territórios, populações e forças armadas.

A Região está dividida, majoritariamente, entre as vertentes do islamismo — xiita ou sunita — do judaísmo, e de minorias católicas ou zoroastras. Há ainda as clivagens étnicas: árabes, persas, curdos, hebreus. A composição de forças políticas depende especialmente desses dois fatores. Tudo isso sobre o subsolo mais rico em petróleo do mundo, o que torna a área de interesse para diferentes potências mundiais.

“Essa tem sido uma dinâmica complicada, na qual nem sempre é claro se o inimigo do seu inimigo é seu amigo. Você vê muitas parcerias oportunistas, países trabalhando juntos em um dado lugar ao mesmo tempo em que estão abertamente em conflito em outro”, disse à BBC News Brasil Suzanne Malloney, diretora de relações exteriores do Brookings Institute.

Iraque: fim da relação com EUA, fortalecimento da relação com o Irã

O assassinato do general iraniano xiita Qassen Soleimani após um ataque aéreo americano no aeroporto internacional de Bagdá, capital iraquiana, no último dia 3, levou o Parlamento do Iraque a aprovar a expulsão de tropas estrangeiras do país, dois dias mais tarde.

Fonte : BBC