Falta de ar ao realizar atividades simples como uma caminhada ou subir escadas, palpitação e inchaço nas pernas, sintomas que, por vezes são negligenciados, podem ser um indício de Insuficiência Cardíaca (IC). A doença crônica, que atinge tanto homens quanto mulheres, em todas as faixas etárias, é considerada pelos especialistas como uma das condições que mais afeta a saúde do coração.


O longo período de quarentena no país elevou o risco para pacientes cardíacos que interromperam seus tratamentos, ou até mesmo aqueles que deixaram de buscar atendimento ao apresentar sintomas.

De acordo com o Dr. Rafael Reis, cardiologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar que o problema evolua para quadros mais graves, prejudicando a qualidade de vida do paciente.

O médico explica que a doença faz com que o coração não bombeie sangue suficientemente, prejudicando a circulação para os diversos órgãos do corpo. Quando ocorre essa condição, o paciente sofre com a redução da oxigenação dos tecidos, o que causa problemas em diversos processos do organismo, como o funcionamento dos rins e pulmões, por exemplo.

Segundo o especialista, devido aos riscos potenciais da doença, a Rede São Camilo criou um protocolo de insuficiência cardíaca, cujo objetivo é auxiliar na identificação rápida do problema e encaminhamento aos tratamentos necessários.

“A partir da retomada dos atendimentos eletivos nos nossos hospitais, nos preparamos para dar continuidade aos cuidados com o paciente cardíaco em total segurança, com o objetivo de evitar a progressão da doença”, explica.

A condição pode se desenvolver a partir de causas multifatoriais, o que aumenta seu risco entre os diversos grupos de pacientes. Dr. Rafael destaca que a IC pode ser atribuída a problemas como a doença das artérias coronárias, por exemplo, que leva ao estreitamento ou obstrução dos vasos sanguíneos e torna o coração fraco, com risco de infarto.

Devem ter atenção redobrada os pacientes que sofrem com hipertensão arterial, doença valvular e miocardiopatias relacionadas ao abuso de álcool e outras drogas, ou até mesmo relacionadas a doenças genéticas. No entanto, a obesidade, a idade avançada e problemas como asma, bronquite e função renal reduzida também são fatores de risco para a IC.

Sintomas

Além da falta de ar, inchaço e taquicardia, é importante observar o aparecimento de outros sintomas, como:

  • Tosse seca ou associada a muco claro
  • Abdômen aumentado
  • Diminuição do volume urinário
  • Tontura, cansaço ou fadiga e confusão mental
  • Perda de apetite
  • Ganho de peso desproporcional à ingestão calórica

“A Insuficiência Cardíaca pode causar danos graves quando não tratada, por isso procurar um médico ao identificar esses sintomas é crucial”, reforça o cardiologista.

Tratamentos

Para que o médico possa definir o tratamento adequado, será levado em consideração a história de vida, o perfil e os hábitos de cada paciente. De maneira geral, são propostos cuidados básicos que devem ser seguidos como parte de uma rotina mais saudável, visando a qualidade de vida e o bem-estar da pessoa.

Também se faz necessário o uso de medicamentos, que podem variar de acordo com a resposta do paciente.

O cardiologista do São Camilo ressalta que, geralmente, são administrados medicamentos diuréticos, vasodilatadores, betabloqueadores, antiarrítmicos e digitálicos.

“Quando o paciente não responde a esse tipo de tratamento, ainda há outros disponíveis, como os marca-passos específicos para doença cardíaca, chamados de ressincronizadores, e até transplante do coração nos casos mais graves e irreversíveis.”

O médico ainda destaca que, durante o Congresso Europeu de Cardiologia 2020, realizado no mês de agosto, foi lançado um novo estudo que reforça o uso de uma nova classe de medicamento na Insuficiência Cardíaca com fração de ejeção reduzida, concretizando a indicação dos  inibidores de SGLT2 no tratamento padrão mesmo em pacientes não diabéticos.

“Essa nova indicação engloba milhões de pacientes no mundo todo. Uma mudança tão relevante como esta pode ser considerada um novo marco na cardiologia”, finaliza.