Ainda faltam muitas respostas sobre a Covid-19, mas os especialistas já constataram que o vírus é fator desencadeante de AVC (Acidente Vascular Cerebral) e Infarto, doenças que figuram entre as principais causas de óbitos e incapacitação da população. E o mais grave. O medo da contaminação pelo coronavírus tem levado as pessoas a negligenciar os sintomas de que algo não vai bem com o cérebro e o coração e a retardar a procura por atendimento hospitalar, diminuindo as chances de recuperação.

Esses alertas foram apresentados durante o webinar “Tempo É Vida”, promovido pelo CONDEMAT – Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê, em parceria com o Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo (HCLPM) e a Sociedade  de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), instituições que desenvolvem com o consórcio os projetos AVC e Infarto, que visam a redução das estatísticas dessas doenças na região.

No Hospital Luzia, cerca de 5% dos pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19 também apresentaram quadro de AVC. “A avaliação desses casos revela que, assim como a hipertensão arterial e o diabetes, o processo infeccioso da Covid-19 é um fator desencadeante do AVC, principalmente em pacientes que já apresentam outros fatores de risco”, ressalta o médico cardiologista Gustavo Bittencourt, coordenador dos Setores Críticos do HCLPM.

Quando a estatística recai para o âmbito estadual, o indicativo é de que até 30% dos pacientes internados por Covid-19 apresentam lesão miocárdica, quando não o infarto agudo do miocárdio já instalado. Com um agravante. O processo inflamatório desencadeado pelo coronavírus no coração amplia os riscos de mortalidade pelo Infarto.

“O vírus da Covid gosta predominantemente dos pulmões, mas também ataca o coração. Ele pode lesar diretamente o coração ou, nas pessoas que já apresentam uma predisposição, pode desencadear a formação de coágulos e o desenvolvimento do Infarto”, explica o cardiologista Edson Stefanini, diretor do Centro de Treinamento da Socesp.

Os fatores de risco do AVC e do Infarto são praticamente os  mesmos – hipertensão, diabetes, colesterol alto, tabagismo, obesidade e alcoolismo, entre outros – e os especialistas alertam para a necessidade de acompanhamento dessas condições como medida de prevenção  e de busca de atendimento médico imediato em caso de sintomas como boca torta, dificuldade de fala e perda de força (indicativos de AVC) e dor no peito (característica do Infarto). O recado é direcionado principalmente aos homens.

“Deixar os sintomas de lado pode custar caro. Observamos que a Covid-19 ocorre mais em mulheres, mas os óbitos predominam na população masculina, com histórico de comorbidades que estão relacionadas com condições de saúde que podem ser modificadas e, assim, reduzir também os riscos de AVC e Infarto”, destaca a coordenadora da Câmara Técnica de Saúde do CONDEMAT, Adriana Martins.

O webinar “Tempo É Vida” está disponível na página oficial do CONDEMAT no facebook (condemataltotiete) e pode ser assistido a qualquer momento. O seminário contou, ainda, com a participação do diretor clínico do HCLPM, o cardiologista Luiz Carlos Viana Barbosa, e de secretários e diretores de saúde dos municípios consorciados.