Cada vez mais isolado e com a popularidade em baixa devido às suas posturas confusas e à falta de habilidade em superar crises, o presidente Jair Bolsonaro sempre apresenta uma cortina de fumaça para desviar o foco dos problemas do governo expostos pela mídia.

Dias atrás, tentou implantar dois golpes no sentido de criar no Brasil um estado de Exceção. Primeiro foi através das Forças Armadas, quando demitiu o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo Silva por conta de Azevedo se mostrar contrário a um Golpe Militar. O substituto dele, general Walter Braga Netto achou por bem demitir também os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica de seus cargos – num ato inédito em nossa história política.

A segunda tentativa de Bolsonaro está relacionada ao projeto de Lei apresentado na Câmara pelo deputado federal Major Vitor Hugo, do PSL. Apelidada de Lei do Golpe, propõe aumentar os poderes do presidente da República durante a pandemia, dando-lhe condições de decretar o estado de Mobilização Nacional. Na verdade, o que se pretende é transferir ao governo federal o controle das polícias estaduais, enfraquecendo os governadores, até então apontados pelo presidente (junto aos prefeitos) como “os reais responsáveis pelo aumento das mortes por coronavírus”.

Tanto uma quanto a outra tentativa de golpe, comprovam na minha opinião o perfil ditador desse presidente que ocupou a Presidência da República em 2019. De lá pra cá, Jair Bolsonaro cometeu vários erros que o mundo inteiro o classifica como o pior presidente do Brasil.

Manchetes de jornais internacionais nos últimos dias, dão o tom de como Bolsonaro é mal visto lá fora, principalmente diante de suas atitudes no curso da pandemia da Covid-19. Recentemente, quando o nosso país atingia recorde de mortes pelo coronavírus, a BBC News, do Reino Unido, estampava como título: “Bolsonaro diz aos brasileiros para pararem de choramingar enquanto a morte atinge o pico”. Para o jornal alemão DW, “Bolsonaro mente em pronunciamento sobre a pandemia”, numa matéria que mostra as inverdades do presidente em discurso sobre o aumento expressivo de mortes. Já na visão do jornal argentino Clárin, “Bolsonaro está encurralado pelo descontrole do coronavírus”.

E o aperto ao presidente partiu agora também do setor empresarial, entre banqueiros, economistas, empresários e ex-autoridades do setor público que emitiram recentemente uma carta aberta direcionada a Bolsonaro com críticas sobre sua atuação na pandemia. Eles cobraram mais vacinas, máscaras gratuitas e medidas de distanciamento social. Acreditem! Os empresários do top da economia do Brasil não concordam com o dilema entre salvar vidas e priorizar o sustento da população vulnerável.

No Congresso, ancorados pela carta dos empresários, há um movimento para agregar deputados e senadores até então aliados da base do governo, que ocupam o centro, para convertê-los à ideia de que é necessário um impeachment do presidente. Há um ano e meio das eleições presidenciais de 2022, a narrativa de uma possível reeleição de Jair Bolsonaro perde sentido. Há os mais animados que apostam que ele sai antes do pleito ou não chega a um segundo turno, se houver.

Certo é que essa turma do centro da política é bem oportunista. Acena para um nome saído da nova frente ampla criada para enfrentar Bolsonaro e Lula ao mesmo tempo, mas dependendo de como os bastidores se darão no toma lá dá cá, pode continuar babando ovo pelo atual presidente e esquecer nomes novos ou velhos políticos na próxima disputa presidencial. É como diz o ditado: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”.

Os próximos capítulos serão então bem interessantes . . . Estamos de olho!

Augusto do Jornal, diretor nacional de Finanças da CGTB e 2º suplente de vereador pelo PSL em Ferraz de Vasconcelos