O deputado estadual nascido em Ferraz de Vasconcelos, Rodrigo Gambale (PSL), merece ser estudado. Seu poder de comunicação é forte, não há dúvida, já que conseguiu uma cadeira na Assembleia Legislativa (Alesp) ao obter 86.981 votos nas eleições de 2018. Seus votos foram pulverizados em diversas regiões do Estado, mas obteve mais votos em Ferraz, 19.826, e na cidade de São Paulo, 16.047. É bem provável que os votos confiados a ele estão relacionados com a sua apresentação pessoal – um visual típico de “filhinho de papai”, “almofadinha”, “riquinho”. 

Dois anos depois de eleito, em 2020, Rodrigo foi considerado peça-chave na escolha da irmã Priscila Gambale à prefeita de Ferraz. No jargão da política, aconteceu “a eleição de um poste” devido à influência do deputado para convencer a população votar numa pessoa até então desconhecida, sem experiência em gestão pública, inexpressiva. Hoje, nas redes sociais, muitos ferrazenses já estão convencidos sobre quem na verdade governa o município: o irmão. E Rodrigo nem disfarça essa condição, pois participou da live de prestação de contas da Prefeitura, no último dia 1º de abril, ao lado da prefeita, deixando de fora o vice-prefeito Daniel Balke.

E durante a live, mostrando-se nervosinho com as críticas que Priscila tem recebido desde o início da gestão, Rodrigo mandou um recado aos representantes da oposição: “Quem reclama e não sabe nem o que está falando, pode chorar, serão quatro anos de sofrimento pra vocês”, desabafou, descompensado. Parece que a democracia não é a prática dessa gente que chegou à Prefeitura. Para eles, apontar erros, papel legítimo da oposição, não pode. O que vale é ter ao lado um bando de roedores e baba-ovos que não choram, pois dependem de um “faz-me rir” pra sobreviver.

Ainda na live, segundo disse o deputado, Ferraz irá receber um número razoável de recursos neste ano de 2021, que vão melhorar muito o dia a dia de todos. Entretanto, boa parte disso provém de emendas iniciadas por outros parlamentares ou através de repasses dos governos do Estado e da União, já que o desempenho de Gambale em favor do nosso município é pífio, poderia fazer muito mais. Oficialmente, no site da Alesp são pouquíssimas proposituras apresentadas por ele aos ferrazenses. Entre suas iniciativas, constam: o Projeto de Lei 542/19, que pede a implantação de uma unidade do Poupatempo; e o Projeto de Lei 299/19 que autoriza o Poder Executivo a criar e estruturar cartórios de serviços notariais e de registros.

E tem mais: contra a população do Estado e, consequentemente, de Ferraz, ainda pesam no currículo de Gambale o fato dele apoiar projetos que causam transtorno aos servidores públicos estaduais. Por exemplo:  votou favorável ao Projeto de Lei Complementar (PLC 80/2019) na Alesp, sancionado depois pelo governador João Doria, que estabeleceu a Nova Previdência dos servidores com aumentos abusivos nos descontos salariais de 11 a 16%. Rodrigo colocou então seu nome ao lado dos inimigos do funcionalismo, diferentemente de outros pares de sua própria legenda, o PSL, como os deputados Castello Branco e Coronel Nishikawa, que votaram contra o mesmo projeto. Talvez Rodrigo Gambale se esqueça de que muitos desses servidores são moradores do nosso município e acabaram prejudicados por seu voto a favor da bancada do governador.

Na minha avaliação, Rodrigo Gambale não tem orgulho de ser ferrazense, não tem o espírito da cidade. Seu interesse em Ferraz é apenas eleitoreiro, pois atualmente mora em Mogi das Cruzes. Priscila, na mesma linha, optou por residir em Suzano. E ainda somos obrigados a ouvir deles a frase: “Quem é daqui sabe o que faz”. Piada!

Passados dois anos e quatro meses de Rodrigo Gambale no cargo de deputado, podemos afirmar que pra Ferraz de Vasconcelos não foi importante ajudar a eleição de um legítimo ferrazense que fez opção de morar em outro município. Na sombra do irmão, Priscila, caminha pelo mesmo caminho ou estrada, apenas com a diferença de morar na cidade vizinha. 

Estamos de olho!

Augusto do Jornal, diretor nacional de Finanças da CGTB e 2º suplente de vereador pelo PSB em Ferraz de Vasconcelos

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