Desde o início da pandemia da Covid-19, Jair Bolsonaro e seus seguidores têm transferido para o isolamento social (ou lockdown), a conta da crise econômica vivida no Brasil. É mais fácil pra esses senhores criar essa cortina de fumaça no sentido de esconder a incompetência em derrubar os altos índices de inflação; a alta dos preços dos alimentos, combustíveis, conta de luz; e o elevado número de desempregados (recorde nos últimos anos).

Em seu pobre discurso na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro passado, o presidente brasileiro culpou governadores e prefeitos pelo grande número de mortos pelo coronavírus, além de afirmar que o “lockdown deixou um legado de inflação”. Sabe-se que durante a pandemia, o governo federal se esquivou de implantar uma política de isolamento social, considerada em todo o mundo eficaz na contenção da pandemia. Bolsonaro repetiu à exaustão a mentira de que o STF (Supremo Tribunal Federal) o impediu de agir no combate à doença. Ao pé da letra, não houve no Brasil, com raras exceções, um isolamento total em cidades e estados. Araraquara fez isso entre os meses de fevereiro e março, durante 10 dias, e logo os resultados foram surpreendentes, com a queda de internações e mortes por Covid.

O que se observou ao longo desses quase dois anos de vírus circulando no país, foi um isolamento parcial na maioria dos locais. Não havia restrição para a circulação de pessoas nas ruas, por necessidade extrema, como no caso lembrado de Araraquara. Mas, mesmo assim, o inútil presidente da Nação insiste em culpar a medida tão pouco usada, ou seja, o lockdown (isolamento total), que poderia poupar muito mais vidas e não prejudicar tanto a economia. Nossa experiência nas tratativas do isolamento foi semelhante à adotada nos Estados Unidos. Como consequência, os EUA estão no topo da lista no número de mortes (mais de 765 mil), com o Brasil na segunda colocação (mais de 611 mil).

E para reforçar o que escrevo neste artigo, vejo que no site do UOL, grandes economistas avaliaram recentemente o quanto o pessoal ligado ao presidente Bolsonaro erra em suas análises sobre a crise. Para André Braz, coordenador do IPC (Índice de Preços do Consumidor) do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), “o lockdown não tem culpa nenhuma. Era o melhor do mau negócio. Se não fosse isso, a situação seria muito pior. O isolamento social feito de forma adequada evita que a economia fique paralisada por muitos meses”. A opinião de Braz vai de encontro ao pensamento de outra especialista da área, a economista e historiadora Ana Paula Salviatti: “A economia não existe sem pessoas, não é um fenômeno da natureza. Pelo contrário, ela é o resultado da vida em sociedade. Em outros termos, os indivíduos precisam estar vivos, é condição para o funcionamento da economia. Como seria possível fazê-la funcionar frente a um vírus letal e, então, sem vacina para todos ou cura?”, questiona.

Muitos podem afirmar que a pandemia foi ruim para a economia da maioria dos países. Não há dúvida! Ocorre que o Brasil tem o terceiro pior quadro de inflação na comparação com as 20 maiores economias do mundo. Só Argentina e Turquia conseguiram ser piores. Em 12 meses, já ultrapassamos os dois dígitos de inflação, coisa que não se via há anos, desde Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda durante a gestão do ex-presidente Itamar Franco. E quem contribuiu definitivamente para esse quadro negativo. Quem? Quem? Raimundo Nonato. Não, adivinhem: foi Jair Bolsonaro com seus discursos inadequados que causaram e ainda provocam incertezas em outros países, o que determina a queda de investimento estrangeiro, a desvalorização do real, a alta nos preços internos e por aí vai . . . Nosso governo é extremamente vulnerável e a política de Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes nos empurra a ficar cada vez mais dependentes de produtos importados, do dólar – outros fatores que elevam a inflação.

A ignorância e o pensamento curto tomam conta dos bolsonaristas. Isso é fato, não é fake news! Nos grupos de WhatsApp, nas conversas de bar e no dia a dia da comunidade, observo o quanto é grande a paixão dessa gente pelo pior presidente que já se teve notícia, desde a redemocratização do nosso país.

Fora que os defensores de Bolsonaro são repletos de teorias conspiratórias. Acreditam no imbecil e autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho, em sua tese maluca (entre tantas) de que está em curso um projeto da China para implantar o comunismo no Brasil e no resto do mundo. Piada! Para eles, quem defende os pobres, a igualdade social, os gêneros, a política de cotas, e outras justas bandeiras, são considerados todos “comunistas”.

Por isso, caros leitores, tenho insistido aqui, a cada semana, nesse importante espaço do Cenário – mesmo com a desaprovação de muitos amigos cegos por Jair Bolsonaro -, que os brasileiros merecem dias melhores e mais prósperos.

FORA BOLSONARO! Em 2022, vamos eleger outro presidente!

Augusto do Jornal, diretor da Executiva Nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil) e 2º suplente de vereador pelo PSB em Ferraz de Vasconcelos