Ser mulher no Brasil não é fácil, uma vez que o país possui dados alarmantes de violência de gênero. Além disso, o público feminino tem salário mais baixo, maior número de desemprego, sobrecarga de tarefas, e diversas dificuldades para alcançar sua autonomia. Dependendo da classe social, raça e origem, as dificuldades são dobradas. Há muito o que ser trabalhado para que possamos viver em uma sociedade mais igualitária.

Hoje quero focar na violência contra a mulher. Como cidadã e candidata, volto minha força para esse tema, para que todo nós, mulheres, possamos viver em uma sociedade mais justa e segura.

Infelizmente, a violência acontece o tempo todo e de muitas formas. É tão arraigada culturalmente que temos dificuldade de percebê-la. Atualmente falamos mais sobre o tema e, quando colocamos luz em um assunto tão espinhoso, ele vai se dissolvendo.

Eu mesma me perguntava como era possível uma mulher se sujeitar a uma situação de violência até que passei por isso. O machismo não distingue credo, cor, classe social. Está dentro de nós.

É assustador ver pessoas seguindo as redes sociais de um médico estuprador e de um deputado maldoso na Ucrânia. Ou que tenham tornado um mendigo oportunista em celebridade. São valores sociais invertidos.

O código penal precisa ser revisto de imediato. Um crime filmado não carece de mais provas ou defesa. Enquanto os mais pobres ficam na cadeia esperando anos por investigação e julgamento, os mais ricos ficam impunes por poderem contar com um corpo jurídico.

Outro ponto que também favorece a violência contra a mulher é a premissa de termos que filmar para provar algo. Como o caso do médico, onde só as palavras das enfermeiras não bastariam e elas (e nós) já sabiam disso.

Além de todos esses desrespeitos, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2019, em algumas áreas ainda recebemos 35% menos que homens ocupando os mesmos cargos.Além disso, somos pouco representadas na área pública.

Visando combater a violência contra a mulher, defendo um cadastro único público de agressores, para assim, possibilitar que as mulheres tenham acesso a essas informações que normalmente ficam em sigilo de justiça e, consequentemente, permitem que os autores dessas agressões se escondam.

Precisamos nos unir, porque parte de termos poucas mulheres nos representando tem a ver com nossa própria autoimagem. Se eu não me vejo capaz, como posso eleger alguém como eu? Enquanto não trabalharmos nossa autoestima, todas nós, mulheres, viveremos nesse dilema.

Precisamos nos unir, juntar todas as nossas forças, para tornarmos o Brasil um país que cuida, protege e honra suas mulheres. Não temos tempo a perder! É urgente! Vamos juntas nessa luta?

Por Bianca Colepicolo

Bianca Colepicolo é especialista em turismo e políticas públicas, médica veterinária, com mestrado em comunicação de saúde pública e especialização no segmento.