Atos pró-democracia aconteceram nesta segunda-feira (9), na Avenida Paulista e em ao menos outras 15 capitais ao redor do Brasil. Os atos foram convocados por movimentos sociais em resposta à invasão da sede dos Três Poderes por bolsonaristas.

São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outros pontos no país ecoaram gritos de “sem anistia” e pediram a responsabilização do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos atos terroristas que aconteceram em Brasília, além de pedirem sua prisão quando ele regressar de Miami para o Brasil.

Os atos em São Paulo tiveram a organização dos movimentos, Povo Sem Medo, Brasil Popular e Coalisão Negra por Direitos. Além disso as manifestações contaram com a presença das torcidas dos 4 grandes clubes do estado, do Corinthians, do São Paulo, do Palmeiras e do Santos.

Torcida dos times paulistas em “trégua” pela democracia. Foto: Reprodução/Twitter

O movimento estava marcado para as 18h, mas antes disso já era possível ver uma aglomeração no vão do MASP, um dos coordenadores do Movimento Trabalhadores Sem Terra (MTST), Gabriel Gonçalves declarou suas expectativas para o ato.

“A expectativa é que o ato esteja bem lotado, para demonstrar a força do povo, a força das pessoas e que o governo não está sozinho. Acho que o povo brasileiro viveu quatro anos de muito sofrimento, de fome, desemprego, medo das instituições totalmente bolsonarizadas e isso foi visto ontem nos atos terroristas que aconteceram no Palácio do Planalto em Brasília”, disse.

Por volta das 18h30 ambos os sentidos da Avenida Paulista se encontravam ocupados, impossibilitando a passagem de veículos, e de acordo com o CET, até o fim do ato seis quadras da avenida foram interditadas nos dois sentidos. Segundo a SPTrans, 23 linhas de ônibus precisaram ser desviadas em razão dos protestos. Por volta das 21h30, avenida se encontrava livre para a circulação.

Diversas figuras políticas marcaram presença na manifestação, Eduardo Suplicy (PT) discursou com uma constituição em mãos. Enquanto o deputado federal, Guilherme Boulos (PSOL) se dirigiu diretamente a Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo.

“Tarcísio, não tente, nem passe pela sua cabeça imitar Ibaneis aqui em São Paulo. Nós não vamos deixar. Se golpista tentar invadir a Assembleia Legislativa, e a polícia fizer corpo mole, a gente vai tirar no braço”, disse o também coordenador do MTST e da Frente Povo Sem Medo fazendo referência à possível omissão do governador do Distrito Federal.

O governador de São Paulo se manifestou no domingo (8), contra os atos terroristas. “Para que o Brasil possa caminhar, o debate deve ser o de ideias e a oposição deve ser responsável, apontando direções. Manifestações perdem a legitimidade e a razão a partir do momento em que há violência, depredação ou cerceamento de direitos. Não admitiremos isso em SP!”

O presidente Lula (PT), responsabilizou Jair Bolsonaro (PL) na noite de domingo (8), sem citá-lo, ele disse que o ex-presidente incentivou os atos terroristas. “Esse genocida não só provocou isso, não só estimulou isso, como quem sabe está estimulando ainda pelas redes sociais, sabe que a gente tá sabendo de lá de Miami, onde ele foi descansar” declarou o petista.

Confira as fotos do ato em São Paulo:

A invasão

A sede dos Três Poderes foi invadida e depredada neste domingo (8), por bolsonaristas extremistas. É a primeira vez que o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto são atacados na história do Brasil.

Os manifestantes radicais quebraram móveis e vidraças, além de vandalizarem obras de arte e objetos históricos. Gabinetes de autoridades foram invadidos e depredados durante a invasão, documentos oficiais foram rasgados e armas foram roubadas.

O prejuízo ao patrimônio público ainda não foi calculado. Até o momento, cerca de 300 pessoas foram presas.

O presidente Lula que se encontrava em São Paulo, regressou à Brasília e decretou intervenção federal para que a segurança pública do Distrito Federal seja assumida.

O movimento golpista acontece há semanas em Brasília, com um acampamento na frente do Quartel-General do Exército em Brasília, o movimento, no entanto foi reforçado com mais de 100 ônibus que chegaram no domingo, com ações combinadas por redes sociais, mesmo assim o governo do DF não adotou medidas para proteger os prédios.

Os manifestantes radicais fizeram uma caminhada de 8 km, escoltados pela Polícia Militar, na Esplanada dos Ministérios, a barreira policial ão foi suficiente para conter os avanços, os bolsonaristas ocuparam então a rampa do Congresso.

Os golpistas depredaram salões da Câmara e do Senado. Diversos gabinetes, como o da primeira-dama Janja, foram vandalizados, a porta de um armário do ministro Alexandre de Moraes foi arrancada. O gabinete do presidente Lula (PT) não foi invadido graças a blindagem reforçada.