Falta de energia no Centro de SP se repete: 3° apagão em sete dias

Na tarde desta quinta-feira (21), houve uma nova queda de energia na região central de São Paulo. É a terceira interrupção no fornecimento de energia elétrica para a região nesta semana.

De acordo com a União dos lojistas da 25 de Março, os comerciantes voltaram a ficar na escuridão. Alguns moradores das ruas da Consolação e do Higienópolis também estavam sem energia elétrica.

Em nota, a Enel afirmou que às 12h45 alguns clientes da região da Rua 25 de Março tiveram o fornecimento de luz afetado. A situação não foi controlada, e a energia oscilou ao longo da tarde e à noite.

“Equipes da distribuidora estão no local para inspecionar o trecho da rede elétrica que atende a rua e iniciar os reparos necessários.”

Desde o início da semana, moradores de diversos bairros do centro da capital enfrentam problemas no fornecimento de energia. Na segunda (18), 35 mil clientes foram prejudicados. Na tarde desta quarta (21), uma nova falha provocou um segundo apagão.

Na manhã desta quinta, a Enel informava que cerca de 1 mil clientes permaneciam supridos por geradores até o final dos reparos na rede da distribuidora.

Por conta dos frequentes problemas, a Prefeitura de São Paulo acionou novamente a Aneel e o TCU contra a Enel.

Alguns prédios que tiveram a energia elétrica restabelecida na Vila Buarque voltaram a ficar sem luz nesta quinta (21). Em um dos edifícios, um morador ficou preso no elevador.

Alguns prédios que tiveram a energia elétrica restabelecida na Vila Buarque voltaram a ficar sem luz nesta quinta (21). Em um dos edifícios, um morador ficou preso no elevador

No meio da tarde, um prédio ficou às escuras na rua Boa Vista, região da 25 de Março. No local, funciona o posto central do Bilhete Único, da SPTrans. A energia foi retomada parcialmente na rua por volta das 17h40.

Por volta das 18h15, parte do bairro Santa Cecília ficou sem luz: na região da estação Marechal Deodoro, tudo ficou apagado. O mesmo aconteceu na República — o cruzamento das avenidas São João e Ipiranga ficaram sem energia, inclusive o Copan — e na Bela Vista.

Por volta das 18h15, parte do bairro Santa Cecília ficou sem luz: na região da estação Marechal Deodoro, tudo ficou apagado. O mesmo aconteceu na República — o cruzamento das avenidas São João e Ipiranga ficaram sem energia, inclusive o Copan — e na Bela Vista.

Enel

Em nota, a Enel lamentou os transtornos causados aos clientes que foram impactados nos últimos dias e disse que tem mobilizado todos os esforços e recursos para restaurar os parâmetros originais da rede afetada.

“O trabalho na rede subterrânea é complexo, envolve condições de temperatura e espaços confinados para acesso. A companhia está mobilizando um total de 25 geradores para abastecer os clientes impactados, enquanto segue trabalhando nos reparos da rede para normalizar integralmente o serviço”.

A companhia insiste que o apagão teria iniciado a partir de uma obra da Sabesp na Vila Buarque. Funcionários da companhia de abastecimento de água teriam puxado a fiação subterrânea durante uma escavação.

Sabesp

Já a Sabesp informou que “análises não identificaram relação do ocorrido com o trabalho da Companhia realizado na manhã de segunda-feira (18)”.

“No ponto específico onde estão localizados os cabos elétricos, a escavação foi feita manualmente. A Sabesp está à disposição da Enel e autoridades para prestar informações”, diz a nota

Como tudo começou

O apagão no Centro de SP começou justamente na segunda (18), por volta das 10h30 da manhã e atingiu parcialmente pelo menos cinco bairros da região.

Pelo menos 35 mil usuários da rede foram afetados, segundo diretores da própria Enel. Casas e comércios e três hospitais ficaram no escuro.

Além da Santa Casa de Misericórdia, na Santa Cecília, o Hospital Santa Isabel e o Instituto do Câncer Doutor Arnaldo Vieira de Carvalho mantiveram as atividades essenciais a base de geradores.

Uma obra na rua General Jardim, na Vila Buarque, que pode ter sido a causa do apagão segundo a concessionária Enel, terminou antes que a luz voltasse em alguns imóveis. Até agora, ninguém assumiu a culpa pelo problema.

A Enel diz que a Sabesp puxou a fiação subterrânea durante uma reforma da tubulação de esgoto, que passa no mesmo ponto. E a Sabesp nega qualquer ligação entre o serviço e o apagão.

Responsável pelo ocorrido

Segundo a Enel, o apagão teria iniciado a partir justamente da obra da Sabesp na Vila Buarque. Funcionários da companhia de abastecimento de água teriam puxado a fiação subterrânea durante uma escavação.

Entretanto, a Sabesp nega.

“A Sabesp de fato fez a escavação no local, existia sim, uma rede de energia elétrica, mas a princípio, por avaliações que nós fizemos, não houve um dano naquele local, na rede de energia elétrica. Contudo, nós estamos atuando em parceria, com as equipes a disposição para resolver o problema”, ressaltou Maycon Abreu, superintendente da Sabesp.

Equipes da concessionária e da Sabesp trabalham em parceria para analisar as causas da interrupção. Mas não deram previsão de quando vão religar a luz para todos os clientes afetados.

Cerca de 1% dos cabos de energia elétrica na capital é subterrânea e essa parcela está justamente na região do Centro. Na Rua General Jardim, onde fica a obra da Sabesp, moradores estão sem luz e sem água, já que a área está sem energia para bombear a água para os prédios.

O que dizem as duas agências?

A Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo) informou que tem 23 fiscais que acompanham o trabalho das distribuidoras que atendem o estado. Em agosto, durante a CPI da Enel na Alesp, os diretores da agência afirmaram aos deputados que “a concessionária paulista cumpre, na média, os indicadores de qualidade no fornecimento de energia elétrica”.

Já a Aneel (Agência Nacional de Energia Eletrica) informou que aplicou mais de R$ 320 milhões em multas à empresa, desde 2018. A maior delas foi neste ano: R$ 165 milhões, pela demora para restabelecer a energia, depois do temporal que atingiu a grande São Paulo, em novembro do ano passado. No entanto, a Enel entrou com um recurso administrativo e ainda não pagou o valor.

Na ocasião, cerca de 2,1 milhões de imóveis ficaram sem energia após tempestades no estado.

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