A OMS (Organização Mundial da Saúde) alertou que a situação da dengue no Brasil é “alarmante” e que, em 2024, o país foi responsável por mais de 50% de todos os novos casos da doença no mundo.
A agência internacional recomendou que as pessoas que planejam passar o Carnaval nos próximos dias usem repelentes para evitar a picada do mosquito, transmissor da doença. Outra opção sugerida é o uso de roupas com mangas largas.
“A tendência no Brasil é alarmante, está crescendo e o governo declarou uma emergência“, afirmou Raman Velayudhan, chefe da unidade da OMS que lida com Doenças Negligenciadas.
“Encorajamos as pessoas envolvidas no Carnaval a usar repelentes e se proteger. Aqueles que puderem se cobrir com mangas largas, ainda melhor“, disse.
Em 2023, o Brasil já havia sido o principal responsável pelo número elevado de casos no mundo. Globalmente, foram registrados 5,5 milhões de casos, com 5 mil mortes. Desses, 4,5 milhões ocorreram nas Américas, um dos maiores registros já feitos. Apenas no Brasil foram registrados 3 milhões de casos, embora a letalidade tenha sido de apenas 0,4%.
Em uma coletiva de imprensa em Genebra, a entidade detalhou a situação do país e indicou que os números são “preocupantes” em toda a região.
Nas primeiras quatro semanas do ano, a OMS estima que 500 mil casos de dengue foram registrados no mundo. Desses, 262 mil foram apenas no Brasil, o líder, e 373 mil nas Américas.
Raman Velayudhan apontou que 4 bilhões de pessoas no mundo vivem em regiões com presença da dengue. Mas alertou que a expansão geográfica do mosquito é uma realidade e que novas regiões começam a ser afetadas. As mudanças climáticas estão entre as principais causas. Atualmente, 130 países são afetados, incluindo o Mediterrâneo.
A esperança da OMS é que a temporada de dengue na América do Sul esteja atingindo seu pico, mas admite que a tendência de 2023 continua em 2024.
Novas vacinas em 2024
A OMS destacou que o governo brasileiro decidiu vacinar 2,5 milhões de crianças entre dez e 14 anos em 512 cidades com mais de 100 mil pessoas. Segundo a entidade, a empresa que produz o imunizante – Takeda – prometeu ampliar sua produção. Estão sendo destinadas 3,2 milhões de doses para o Brasil.
A recomendação da OMS é para que a vacinação ocorra entre as crianças de seis a 16 anos de idade em regiões de alta transmissão. Mas a esperança da agência é que duas novas vacinas possam avançar em sua certificação até o final do ano. Uma delas seria do Instituto Butantã, enquanto a segunda é de uma empresa asiática que, neste momento, realiza testes na Índia.
Existe, porém, uma séria dificuldade na produção da vacina. O primeiro imunizante a ser produzido foi da empresa francesa Sanofi. Mas, segundo o especialista da OMS, sua eficiência “limitada” de garantir proteção levou a empresa a não aumentar sua produção.
Velayudhan afirmou que a entidade aguarda um contato da entidade brasileira para receber os resultados finais dos testes realizados com a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantã. “Temos entendido que os resultados são positivos“, disse.
“Esperamos uma ou duas novas vacinas até o final do ano“, acrescentou.
Segundo ele, o desafio nos últimos 50 anos tem sido o fato de que existem quatro padrões diferentes de dengue e que cada uma das vacinas seria destinada para uma delas. “É como se precisássemos de uma chave para abrir quatro cadeados diferentes. Esse é o desafio“, lamentou.
OMS elogia esforço brasileiro, mas pede mais
A OMS, porém, elogiou o fato de o Brasil ter o sistema mais sólido de monitoramento da doença e é “modelo” para muitos países. “Existem muitas iniciativas vindo do Brasil, inclusive no controle do vetor“, disse. Segundo o especialista, a própria OMS usa os dados coletados no país como forma de lidar com a doença no mundo.
“De uma forma geral, o Brasil tem ido bem. Mas precisamos de mais. Essa é uma doença difícil“, completou.
Texto por: Redação