Presidente do BC declara oposição à moedas comuns no comércio internacional

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expressou sua forte oposição ao uso de moedas comuns para estimular o comércio entre países. Durante sua participação no Valor Capital’s Crypto Workshop, organizado pelo Valor Capital Group, ele afirmou que essa ideia é antiquada e não tem mais relevância.

Campos Neto enfatizou que, com o avanço dos pagamentos digitais e a digitalização dos processos, não há necessidade de uma moeda comum para alcançar eficiência no comércio. Ele ressaltou que houve duas tentativas de criação de uma moeda comum entre o Brasil e a Argentina, mas em ambos os casos ele se posicionou contra a ideia.

Para ilustrar sua posição, ele comparou uma moeda comum a uma criança com material genético dos pais, o que implica que a taxa de juros seria uma combinação dos dois países, assim como a mistura de suas inflações.

Campos Neto também revelou que o Banco Central continua trabalhando na implementação do PIX internacional e destacou a possibilidade de conectar o PIX ao sistema Nexus, desenvolvido pelo Banco de Compensações Internacionais.

Além disso, o presidente do BC sugeriu que o governo deveria ter um ministro dedicado exclusivamente às soluções digitais. Ele acredita que isso poderia promover a inclusão e reduzir os custos dos serviços públicos. Campos Neto mencionou a falta de conexão entre os ministérios como um obstáculo para a eficiência e citou o exemplo de ser procurado pelo Ministério da Saúde para criar um sistema semelhante ao open finance, chamado de “open health”, que permitiria comparar cotações de planos de saúde.

Em geral, Campos Neto considera que a maioria dos governos, com exceção de países como Índia e Cingapura, ainda possui uma abordagem muito analógica e precisa avançar no campo digital.