Vacina do Butantan contra dengue é eficaz e deve ser enviada à Anvisa neste ano; uso pode começar em 2025

Há mais de uma década, um instituto está desenvolvendo um imunizante de dose única. A eficácia desse imunizante é praticamente equivalente à encontrada nos ensaios clínicos da vacina do laboratório japonês Takeda, que o Sistema Único de Saúde (SUS) planeja administrar neste ano, em duas doses.

O Instituto Butantan está prestes a atingir um marco significativo no desenvolvimento da vacina contra a dengue. Há expectativas de que os dados comprovando sua eficácia sejam submetidos à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda este ano, com a aplicação das primeiras doses prevista para 2025.

A importância de uma nova vacina contra a doença é ressaltada no contexto do aumento de casos devido ao aquecimento global e ao El Niño. Além disso, o imunizante pode contribuir para ampliar o atendimento à população, especialmente diante da escassez de doses da vacina do laboratório japonês Takeda neste ano.

O diretor do Butantan, Esper Kallás, informou que o instituto está concluindo os cinco anos de acompanhamento dos voluntários. Com a consolidação desses dados, será possível determinar a durabilidade da proteção conferida pela vacina. Kallás expressou otimismo quanto à aprovação definitiva em 2025, destacando a infraestrutura existente no Butantan para a produção do imunizante.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, estabeleceu o prazo de setembro de 2024 para a conclusão dos trabalhos de desenvolvimento da vacina. Existe uma tentativa de antecipar esse cronograma para possibilitar a fabricação e fornecimento no ano seguinte.

A vacina do Butantan apresenta uma eficácia de 79,6%, semelhante à Qdenga, que possui 80,2%. A singularidade da vacina brasileira reside na administração em dose única, proporcionando proteção rápida e simplificando a logística de vacinação.

O imunizante, chamado tecnicamente de Butantan-DV, é projetado para proteger contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. Os ensaios clínicos mostraram resultados positivos, com altas taxas de soroconversão e eficácia geral.

A produção da vacina envolve o cultivo de vírus atenuados em células de macacos, seguido de purificação, formulação e liofilização. A aquisição da fórmula do Instituto Nacional de Saúde Americano (NIH) em 2009 permitiu o desenvolvimento da vacina no Brasil.

O estudo destaca que a vacina é segura, induz a produção de anticorpos e possui imunogenicidade consistente ao longo de um ano. As reações adversas são leves, incluindo dor de cabeça, fadiga e erupção cutânea.

Após a conclusão do estudo de fase III, os dados serão analisados por uma comissão independente antes de serem submetidos à aprovação da Anvisa. O imunizante oferece uma promissora alternativa para a prevenção da dengue, uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

Texto por: Redação