O presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF). A escolha, anunciada na quinta-feira (20), abriu intensa movimentação nos bastidores jurídicos e políticos, com forte apoio no Judiciário, mas sinais claros de resistência no Senado — etapa decisiva para sua aprovação.
Com 45 anos, Messias é considerado um nome de confiança do presidente e conta com apoio de ministros petistas e de integrantes da ala palaciana. Ele assumiu o comando da Advocacia-Geral da União em 2023 e integrou a equipe de transição do governo Lula no fim de 2022. Servidor público desde 2007, também já atuou no Banco Central, no BNDES e ocupou cargos no Ministério da Educação e na Presidência da República.
Reações após a indicação
Em nota, Messias afirmou estar “honrado” com a indicação e disse que pretende demonstrar ao Senado que cumpre todos os requisitos para assumir o cargo. Lula, por sua vez, declarou ter plena confiança de que a AGU manterá seu histórico de defesa da Constituição e das instituições democráticas ao longo de seu eventual mandato no Supremo.
A recepção no Judiciário foi majoritariamente positiva. O ministro André Mendonça, indicado ainda no governo Bolsonaro, manifestou apoio público ao nome, afirmando que Messias “preenche todos os requisitos constitucionais”. O decano Gilmar Mendes desejou boa sorte na sabatina, enquanto o ministro aposentado Luiz Roberto Barroso afirmou que o futuro ministro “honrará a Corte”.
Apoio na base aliada
No campo político governista, a escolha também foi celebrada. Líderes de partidos aliados consideram Messias um quadro técnico, discreto e leal ao presidente, capaz de fortalecer o diálogo institucional. Para integrantes da base de Lula, a indicação consolida a estratégia do governo de colocar nomes com forte formação jurídica e alinhamento institucional no Supremo.
Resistência no Senado e articulação incerta
Apesar do ambiente favorável no Judiciário, o cenário no Senado é considerado delicado. A indicação depende de sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e de aprovação no plenário, em votação secreta — com necessidade de pelo menos 41 votos.
O líder da oposição, senador Izalci Lucas, afirmou que Messias deve enfrentar um processo mais difícil do que o de indicações recentes. Segundo ele, o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre, não estaria inclinado a facilitar a aprovação e poderia influenciar votos contrários. “A tendência é ter um número muito menor de votos. Acho muito difícil passar de qualquer forma”, disse o senador.
Nos bastidores, parlamentares lembram que a aprovação de Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República foi apertada e avaliam que o clima político está mais tenso agora. Há expectativa de intensa disputa nas próximas semanas, especialmente devido à influência de Alcolumbre sobre a tramitação.
Quem é Jorge Messias
Jorge Rodrigo Araújo Messias é pernambucano, formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco e doutor pela Universidade de Brasília. Ingressou na Advocacia-Geral da União em 2007 e ocupou cargos estratégicos no governo federal, especialmente durante os mandatos de Dilma Rousseff, quando foi subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência.
Na AGU, Messias consolidou sua atuação como um dos principais articuladores técnicos e jurídicos do governo, tendo contato direto e constante com temas em tramitação no Judiciário e no Supremo Tribunal Federal.
Próximos passos
A indicação segue agora para a sabatina na CCJ do Senado. Se aprovado na comissão, Messias terá o nome submetido ao plenário da Casa, onde a votação será secreta. A articulação política nas próximas semanas será determinante para definir se o advogado-geral da União ocupará a cadeira mais recente aberta na mais alta Corte do país.




