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PL da Dosimetria é aprovado no Senado, governistas acionam STF e pedem veto de Lula; veja como votou cada senador

Projeto aprovado no Senado reduz penas de condenados pelos atos de 8 de janeiro; base do governo vê anistia disfarçada e defende veto presidencial

Parlamentares governistas acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o Projeto de Lei da Dosimetria, aprovado pelo Senado Federal na noite desta quarta-feira (17). O texto, que segue agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), altera critérios de cálculo de penas e pode reduzir o tempo de prisão de condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Além da ofensiva judicial, aliados do governo intensificaram a pressão política para que Lula vete integralmente o projeto, classificado por integrantes da base como uma anistia disfarçada aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília.


Governistas pedem suspensão do projeto no STF

Logo após a aprovação, lideranças do PT, PSB, PCdoB e PSOL protocolaram um mandado de segurança no STF solicitando a suspensão da decisão do Congresso. O pedido foi direcionado ao ministro Alexandre de Moraes.

No documento, os partidos apontam “vícios formais graves” na tramitação do projeto, com destaque para suposta violação ao bicameralismo constitucional e ao devido processo legislativo.


Gleisi diz que Lula não vai sancionar

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou publicamente que o presidente da República não pretende sancionar o texto.

Segundo ela, pessoas condenadas por atentarem contra a democracia devem responder integralmente por seus crimes, sem flexibilização das penas por meio de mudanças legislativas.


PL da Dosimetria foi aprovado por ampla maioria

O plenário do Senado aprovou o PL da Dosimetria por 48 votos favoráveis e 25 contrários. Com o resultado, a proposta foi encaminhada para sanção presidencial.

Os senadores aprovaram o texto do relator, senador Esperidião Amin (PP-SC). Durante a tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), foi incorporada uma emenda que restringe a redução da pena em regime fechado para crimes contra o Estado Democrático de Direito.

Mesmo com a alteração, governistas afirmam que o núcleo da proposta foi mantido e que o projeto beneficia diretamente condenados pelos atos de 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).


O que muda com o PL da Dosimetria

O projeto altera a forma como a Justiça calcula penas em condenações criminais. A principal mudança impede a soma de penas quando diferentes crimes são cometidos no mesmo contexto, determinando a aplicação apenas da pena mais grave.

O texto também:

  • Fixa percentuais mínimos para cumprimento de pena e progressão de regime;
  • Reduz o tempo necessário para progressão em crimes contra o Estado Democrático de Direito;
  • Permite remição de pena mesmo em casos de prisão domiciliar;
  • Prevê redução de pena para crimes cometidos em contexto de multidão.

Alternativa ao PL da Anistia

O PL da Dosimetria foi apresentado como alternativa ao chamado “PL da Anistia”, que previa perdão amplo, geral e irrestrito aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.

Para a base governista, no entanto, a proposta tem o mesmo efeito prático da anistia e enfraquece a responsabilização penal pelos atos golpistas.


Aval de Bolsonaro e estratégia da oposição

Líderes do PL afirmam que o apoio ao projeto ocorreu com aval do ex-presidente Jair Bolsonaro. A estratégia da oposição seria avançar gradualmente na redução das punições até chegar a uma anistia ampla aos presos.

A oposição sustenta que o texto promove justiça penal e corrige excessos, enquanto governistas afirmam que o projeto abre caminho para a revisão de condenações já impostas.


PL da Dosimetria: saiba como votou cada senador

Confira como votaram os senadores na aprovação do PL da Dosimetria:

SenadorVotoObservação
Alan RickSim
Alessandro VieiraSim
Ana Paula LobatoNão
Angelo CoronelAbstenção
Astronauta Marcos PontesSim
Augusta BritoNão
Beto FaroNão
Bruno BonettiSim
Carlos PortinhoSim
Carlos VianaLicença médica
Chico RodriguesSim
Cid GomesSim
Ciro NogueiraSim
CleitinhoSim
Confúcio MouraNão
Damares AlvesSim
Daniella RibeiroNão
Davi AlcolumbrePresidente do Senado
Dr. HiranSim
Dra. EudóciaSim
Eduardo BragaNão compareceu
Eduardo GirãoSim
Eduardo GomesSim
Efraim FilhoSim
Eliziane GamaNão compareceu
Esperidião AminSim
Fabiano ContaratoNão
Fernando DueireNão
Fernando FariasNão
Flávio ArnsSim
Flávio BolsonaroSim
GiordanoSim
Hamilton MourãoSim
Humberto CostaNão
IrajáSim
Ivete da SilveiraSim
Izalci LucasSim
Jader BarbalhoNão
Jaime BagattoliSim
Jaques WagnerNão
Jayme CamposSim
Jorge KajuruSim
Jorge SeifSim
José LacerdaNão
Jussara LimaNão
Laércio OliveiraSim
Leila BarrosNão
Lucas BarretoSim
Luis Carlos HeinzeNão compareceu
Magno MaltaSim
Mara GabrilliNão
Marcelo CastroNão
Marcio BittarSim
Marcos RogérioSim
Marcos do ValSim
Mecias de JesusSim
Nelsinho TradSim
Omar AzizNão compareceu
Oriovisto GuimarãesSim
Otto AlencarNão
Paulo PaimNão
Plínio ValérioSim
Professora Dorinha SeabraSim
Randolfe RodriguesNão
Renan CalheirosNão
Rodrigo PachecoSim
Rogério MarinhoSim
Rogério CarvalhoNão
Sergio MoroSim
Soraya ThronickeNão
Styvenson ValentimSim
Sérgio PetecãoSim
Teresa LeitãoNão
Tereza CristinaSim
Vanderlan CardosoSim
Veneziano Vital do RêgoNão
Wellington FagundesSim
WevertonNão compareceu
Wilder MoraisSim
Zenaide MaiaNão
Zequinha MarinhoSim

Próximos passos

Com o projeto aprovado pelo Congresso, caberá ao presidente Lula decidir entre sancionar, vetar parcialmente ou vetar integralmente o texto. Paralelamente, o STF deve analisar o pedido de suspensão apresentado pelos partidos governistas.

O embate em torno do PL da Dosimetria mantém os atos de 8 de janeiro no centro do debate político e jurídico nacional, com impacto direto no cenário institucional do país.