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Trump e Epstein: o histórico de uma relação cercada por controvérsias

Presidente dos Estados Unidos afirma ter rompido com Jeffrey Epstein nos anos 2000, mas documentos, fotos e registros de voo indicam proximidade por mais de uma década.


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a comentar publicamente seu relacionamento com o financista Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais e encontrado morto em uma prisão em 2019. Trump afirma que manteve um “relacionamento muito ruim” com Epstein e que rompeu qualquer vínculo com ele ainda nos anos 2000, chegando a classificá-lo como “nojento” e dizendo que “não era fã”.

Apesar das declarações, documentos públicos, entrevistas antigas, fotografias e registros judiciais revelam que a relação entre os dois foi mais duradoura do que Trump costuma admitir, estendendo-se por pelo menos uma década, entre os anos 1990 e o início dos anos 2000.


Elogios públicos e convivência social

Em 2002, Trump descreveu Epstein como “um cara fantástico” em uma entrevista a uma revista americana, afirmando conhecê-lo havia cerca de 15 anos. Na mesma ocasião, fez comentários que, anos depois, passaram a ser vistos com forte carga negativa, ao mencionar o gosto de Epstein por mulheres jovens.

Fotos da década de 1990 mostram Trump e Epstein juntos em eventos sociais, incluindo encontros em Mar-a-Lago, resort do presidente na Flórida, e até no casamento de Trump, em 1993. Naquele período, Epstein circulava livremente entre empresários, políticos e celebridades de alto perfil.


Carta controversa e negação posterior

Uma carta datada de 2003, atribuída a Trump e divulgada publicamente anos depois, chamou ainda mais atenção. O texto, que incluía um desenho do corpo de uma mulher, sugeria afinidades pessoais entre os dois. Trump negou veementemente a autoria e qualquer envolvimento com a mensagem, classificando o documento como falso.


Rompimento e disputa imobiliária

Trump afirma que o rompimento definitivo com Epstein ocorreu em 2004, após um desentendimento envolvendo a compra de uma mansão em Palm Beach. Ambos disputavam o mesmo imóvel em um leilão, vencido por Trump. A partir daí, segundo o presidente, Epstein teria sido afastado de seu círculo social, incluindo a exclusão de Mar-a-Lago.

Anos depois, já em 2015, Trump declarou que Epstein tinha “um problema” e descreveu a ilha particular do financista nas Ilhas Virgens Americanas como um “antro de imundície”.


Registros de voos reforçam proximidade

A divulgação recente de documentos judiciais reacendeu o debate ao revelar registros de voo que indicam que Trump viajou no jatinho particular de Epstein ao menos oito vezes, entre 1993 e 1996. Em alguns desses voos, Trump teria sido um dos únicos passageiros listados, e em outros, teria viajado na companhia de Ghislaine Maxwell, posteriormente condenada por tráfico sexual.

Embora essas informações tenham gerado forte repercussão política e midiática, Trump nunca foi acusado de qualquer crime relacionado a Epstein. Autoridades reiteram que aparecer em documentos ou registros não implica, por si só, prática criminosa.


Reação à divulgação dos arquivos Epstein

Com a liberação de novos documentos da investigação, Trump afirmou lamentar o que chamou de “destruição de reputações” de pessoas fotografadas ao lado de Epstein em eventos sociais. Segundo ele, muitas imagens retratam apenas encontros públicos, comuns em círculos sociais da elite americana.

O presidente também minimizou sua própria presença em fotos, afirmando que Epstein “estava em todos os lugares” em Palm Beach e que a convivência social não indicava proximidade pessoal ou envolvimento em crimes.


Documentos seguem sendo divulgados

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos continua a liberar arquivos relacionados ao caso Epstein, conforme determinação legal. As autoridades afirmam que os documentos passam por revisão para proteger a identidade das vítimas, mas sobreviventes e parlamentares criticam a demora e o excesso de informações ocultadas.

Entre os nomes citados ou retratados nos arquivos estão políticos, artistas e figuras públicas de renome internacional. Nenhuma das imagens divulgadas até agora mostra atividades ilegais, mas a exposição reacendeu debates sobre responsabilidade, poder e impunidade em casos de abuso sexual envolvendo elites globais.


Caso segue sob escrutínio público

Mesmo anos após a morte de Epstein, o caso continua a gerar repercussões políticas e sociais. Para Trump, o desafio tem sido se distanciar de uma relação passada que volta ao centro do debate a cada nova divulgação de documentos. Para críticos e investigadores, os arquivos representam uma oportunidade de esclarecer como redes de influência permitiram que crimes ocorressem por tanto tempo sem responsabilização efetiva.

A divulgação gradual dos documentos mantém o tema vivo no cenário político americano e promete novos desdobramentos nas próximas semanas.