A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino de suspender um trecho de projeto de lei aprovado pelo Congresso elevou a tensão entre Executivo, Legislativo e Judiciário e reacendeu o embate institucional sobre o controle do Orçamento da União.
A medida interrompeu, de forma preventiva, um dispositivo que autorizaria a revalidação de emendas parlamentares não pagas entre 2019 e 2023, mecanismo associado às chamadas emendas de relator, conhecidas como “orçamento secreto”.
Suspensão ocorreu antes da sanção presidencial
A decisão foi tomada antes da sanção presidencial do projeto, o que reforçou a leitura de interferência antecipada do Judiciário em matéria legislativa. A liminar ainda será analisada pelo plenário do STF.
O projeto tinha como objetivo principal ampliar a arrecadação da União, mas o trecho suspenso permitiria o pagamento de despesas já canceladas, reabrindo espaço para gastos fora do Orçamento vigente.
Emendas suspensas remetem ao orçamento secreto
Na prática, o dispositivo suspenso permitiria a retomada de restos a pagar vinculados a emendas de relator, instrumento que foi considerado inconstitucional pelo STF em 2022 por falta de transparência e critérios objetivos.
Essas emendas davam ao Congresso maior poder de direcionamento de recursos públicos, reduzindo o controle direto do Executivo sobre a execução orçamentária.
Embate institucional entre Congresso e Supremo
A decisão de Flávio Dino é interpretada como mais um capítulo do conflito entre o Parlamento e o Supremo Tribunal Federal. O Judiciário tem atuado para limitar a expansão do poder do Congresso sobre o Orçamento, enquanto parlamentares buscam preservar instrumentos de autonomia financeira.
Nos bastidores, o entendimento é que há um alinhamento tácito entre Judiciário e Executivo para conter o avanço do Legislativo sobre a definição e execução das despesas públicas.
Disputa pelo Orçamento se intensificou nos últimos anos
O conflito em torno das emendas parlamentares ganhou força após a adoção do chamado orçamento impositivo, que reduziu a margem de manobra do Executivo sobre a liberação de recursos.
Desde então, o Congresso tem ampliado sua atuação por meio de emendas, enquanto o STF passou a exigir maior transparência e limites legais para esse tipo de mecanismo.
LOA de 2026 amplia peso das emendas parlamentares
Na última semana, o Congresso aprovou a Lei Orçamentária Anual de 2026, que prevê cerca de R$ 61 bilhões destinados exclusivamente a emendas parlamentares, reforçando o peso político do tema.
A decisão do STF ocorre em meio a esse cenário de fortalecimento do Legislativo no controle do Orçamento, o que tende a acirrar ainda mais as disputas institucionais.
Possíveis desdobramentos políticos
A suspensão do trecho do projeto abre espaço para novos embates entre os Poderes. Avaliações internas apontam que o Congresso pode reagir politicamente às decisões do Supremo, ampliando a crise institucional.
O episódio reforça a instabilidade na relação entre Legislativo, Executivo e Judiciário e indica que o debate sobre emendas parlamentares e controle orçamentário seguirá no centro da agenda política nacional.




