O número de queimadas no Alto Tietê aumentou expressivamente, registrando um crescimento de quase 51% entre 2022 e agosto de 2024. Segundo dados do Corpo de Bombeiros, em 2022 foram contabilizadas 364 ocorrências. No ano seguinte, esse número subiu para 507, e em 2024, até o final de agosto, já foram registradas 549 ocorrências.
As cinco cidades que mais registraram queimadas em áreas de vegetação até o dia 27 de agosto de 2024 foram:
– Mogi das Cruzes: 196
– Suzano: 99
– Guararema: 69
– Itaquaquecetuba: 60
– Ferraz de Vasconcelos: 42
Essas ocorrências têm sobrecarregado o Corpo de Bombeiros, sendo que mais de 90% dos casos são atribuídos à ação humana. A tenente Juliana Freitas do Corpo de Bombeiros de Mogi das Cruzes comentou a gravidade da situação:
“Preocupa bastante porque a nossa mão-de-obra é finita. Às vezes, os Bombeiros passam o dia inteiro combatendo fogo em mato, e não conseguimos atender a todos os chamados, o que resulta em danos ainda maiores para a fauna, flora e para as pessoas que vivem nas proximidades.”
Impactos no meio ambiente e na população
Moradores das áreas atingidas relatam o impacto das queimadas em suas comunidades. Nicolas Dornelas Alves, estudante e morador do bairro do Barroso, em Jundiapeba, registrou em vídeo a proporção das chamas em uma queimada ocorrida perto de sua residência. Ele descreveu o pânico dos vizinhos que tentaram conter o fogo.
“Foi muito assustador, muitos moradores jogaram água para tentar impedir que o fogo chegasse perto. Um poste foi atingido e ficamos horas sem energia elétrica”, afirmou Nicolas.
O incêndio afetou diretamente a qualidade do ar, e, segundo Nicolas, foi difícil respirar devido à fumaça e ao calor intenso.
Dias após o incêndio em Jundiapeba, outra queimada ocorreu na avenida principal de César de Sousa, e um foco de incêndio foi registrado na Rodovia Mogi-Bertioga, o que causou congestionamento e demandou atenção redobrada dos motoristas devido à fumaça que se espalhou rapidamente pela pista.
Além disso, uma área de proteção ambiental próxima ao Parque Centenário também foi atingida pelo fogo no início de agosto, prejudicando a vegetação nativa e comprometendo a biodiversidade local.
O ambientalista Marcos Granjeiro ressaltou que as queimadas causam danos profundos ao solo, alterando suas características físicas e biológicas, além de prejudicar a fauna e flora.
“A recuperação de um terreno atingido por queimadas frequentes é extremamente complicada, empobrecendo o solo de forma quase irreversível”, afirmou Granjeiro.
A Defesa Civil do Estado de São Paulo emitiu um alerta devido ao risco de novos incêndios, com diversas regiões sendo monitoradas. A população é orientada a evitar qualquer tipo de ação que possa provocar queimadas, já que os danos para o meio ambiente e para as comunidades são incalculáveis.
O estudante Nicolas Dornelas, que vivenciou de perto os impactos das queimadas, finalizou com um alerta:
“É muito triste ver essa destruição. Quem vive em áreas rurais sabe o valor dessas áreas verdes, que são um tesouro. Perder isso é devastador.”