Nesta segunda-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu a visita do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, no Palácio do Planalto, para uma reunião.
Oficialmente, o diretor-geral da OMS está no Brasil para o lançamento do Plano de Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas, uma iniciativa do Ministério da Saúde para erradicar problemas de saúde pública que afetam de forma mais acentuada populações em situação de vulnerabilidade social, como tuberculose, malária, HIV e hanseníase.
Tedros Adhanom também está programado para se reunir com a ministra da Saúde, Nísia Trindade. O governo federal pretende solicitar assistência para expandir a disponibilidade de vacinas contra a dengue, dada a significativa elevação dos casos da doença no país.
O Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe de apenas 700 mil doses para realizar a imunização completa, composta por duas doses. No entanto, a procura pela vacina é intensa devido à propagação global da doença, enquanto a produção do imunizante permanece bastante limitada.
Centro de operações de emergência
Nesta quinta-feira (1º), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou o estabelecimento de um Centro de Operações de Emergência para gerenciar a epidemia de dengue no Brasil. Durante uma reunião tripartite na sede da Organização Pan-americana da Saúde (Opas) em Brasília, Nísia fez um apelo, solicitando a mobilização nacional por parte de estados e municípios.
“Quero fazer aqui um chamamento público para a união de todo o país neste momento. para proteger nossa população e para prevenir, uma vez que sabemos que a maior parte dos focos [do Aedes aegypti], mais de 75%, se encontra nas casas”, disse. “Apenas com essa união podemos avançar no sentido de estarmos protegendo nossa população desse quadro de dengue e, possivelmente, de outras arboviroses.”
Estado de emergência no Rio de Janeiro
O prefeito Eduardo Paes (PSD) emitiu um decreto de estado de emergência em saúde pública devido à dengue, conforme publicado no Diário Oficial do município desta segunda-feira (5). Além disso, no mesmo dia, a prefeitura inaugura três dos dez polos de atendimento destinados a pacientes com a virose.
O Rio de Janeiro enfrenta uma epidemia de dengue, com mais de 10 mil casos registrados até o momento. Essa cifra representa quase metade dos casos contabilizados em 2023, que totalizou 22.959 diagnósticos confirmados.
Além disso, a cidade atingiu um recorde no número de hospitalizações devido à dengue. Apenas em janeiro, 362 pessoas foram internadas, conforme informado pelo secretário de Saúde, Daniel Soranz.
A região oeste do Rio de Janeiro registra as mais elevadas taxas de incidência de dengue, sendo a maioria dos casos concentrada em bairros como Campo Grande, Santíssimo, Guaratiba, Santa Cruz, Paciência e Sepetiba.
As condições favoráveis, como altas temperaturas, chuvas frequentes e a presença de três sorotipos da doença na cidade, contribuem para o aumento significativo no número de casos. O Rio de Janeiro também implementou um plano de contingência contra o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. Este plano inclui medidas como a utilização de carros-fumacê em áreas com maior incidência de casos, acesso compulsório a imóveis fechados e abandonados, além da alocação de leitos exclusivos para pacientes com dengue em hospitais municipais.
“Vidas se perdem em razão da dengue. Mas, ao contrário da pandemia de covid-19, em que o cidadão individualmente não podia fazer muita coisa a não ser cobrar dos governantes que conseguissem a vacina, no caso da dengue depende muito da ação de cada cidadão. A absoluta maioria dos casos a pessoa pega em casa ou perto do local onde mora por absoluto descuido com a história de água parada.” declarou Eduardo Paes, prefeito do Rio.