A inflação no Brasil subiu abaixo do esperado pelo mercado em outubro e atingiu o menor patamar em 27 anos para o mês. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação, registrou alta de 0,09%, após avanço de 0,48% em setembro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado veio abaixo das projeções de analistas, que estimavam alta entre 0,10% e 0,16%. Essa é a menor taxa para outubro desde 1998, quando a variação foi de apenas 0,02%.
Com o desempenho, a inflação acumula alta de 3,73% em 2025 e 4,68% nos últimos 12 meses, ante 5,17% no período anterior. Apesar da desaceleração, o resultado ainda supera o teto da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central, de 3% com intervalo de tolerância até 4,5%.
Energia elétrica tem maior impacto e ajuda a conter o índice

A energia elétrica residencial foi o principal fator de desaceleração da inflação no mês, com queda de 2,39%, o que representou impacto negativo de 0,10 ponto percentual no IPCA.
Segundo o IBGE, o movimento reflete a mudança na bandeira tarifária: em setembro, vigorava a vermelha patamar 2, com cobrança adicional de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos; em outubro, passou para a vermelha patamar 1, com taxa menor, de R$ 4,46.
Outros itens que contribuíram para segurar a inflação foram os aparelhos telefônicos (-2,54%) e o seguro de automóveis (-2,13%).
Vestuário tem maior alta entre os grupos
Entre os nove grupos pesquisados, Vestuário registrou a maior variação positiva, com avanço de 0,51%. As principais altas ocorreram em calçados e acessórios (0,89%) e roupa feminina (0,56%).
Veja o resultado dos grupos do IPCA em outubro:
- Alimentação e bebidas: 0,01%
- Habitação: -0,30%
- Artigos de residência: -0,34%
- Vestuário: 0,51%
- Transportes: 0,11%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,41%
- Despesas pessoais: 0,45%
- Educação: 0,06%
- Comunicação: -0,16%
Alimentação se mantém estável
O grupo Alimentação e bebidas, de maior peso no índice, ficou praticamente estável em outubro, com alta de 0,01% — o menor resultado para o mês desde 2017.
A alimentação no domicílio caiu 0,16%, com destaque para as quedas no arroz (-2,49%) e no leite longa vida (-1,88%). Em contrapartida, itens como batata-inglesa (8,56%) e óleo de soja (4,64%) ficaram mais caros.
Já a alimentação fora de casa acelerou, passando de 0,11% em setembro para 0,46% em outubro, impulsionada por lanches (0,75%) e refeições (0,38%).
Saúde, transportes e despesas pessoais também sobem
O grupo Saúde e cuidados pessoais (0,41%) teve o maior impacto no índice geral (0,06 p.p.), influenciado por artigos de higiene pessoal (0,57%) e planos de saúde (0,50%).
Em Despesas pessoais (0,45%), os destaques foram o empregado doméstico (0,52%) e o pacote turístico (1,97%).
O grupo Transportes (0,11%) refletiu a alta das passagens aéreas e dos combustíveis, com exceção do óleo diesel, que caiu 0,46%. O IBGE também registrou a incorporação do reajuste médio de 14,34% nas tarifas de táxi em Campo Grande, vigente desde setembro.
Inflação segue controlada, mas ainda acima da meta
Com a desaceleração de outubro, a inflação mantém trajetória de estabilidade, favorecida pelo recuo na conta de luz e pela estabilidade nos preços dos alimentos.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou recentemente ter “maior convicção” de que a taxa básica de juros de 15% ao ano é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta no médio prazo.
Apesar da melhora nos indicadores, economistas alertam que o IPCA ainda se mantém acima do teto da meta e que o comportamento dos preços administrados e do mercado de trabalho será determinante para o cenário inflacionário do fim de 2025.



