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Glauber Braga é retirado à força da cadeira da Presidência durante protesto na Câmara

Ocupação, corte da transmissão e expulsão da imprensa

Na tarde desta terça-feira, um episódio tenso marcou o plenário da Câmara dos Deputados. O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força da cadeira da presidência depois de ocupar o posto em protesto contra o processo de cassação que enfrenta, relacionado a um confronto com um militante do MBL em 2024.

Às 16h04, Glauber tomou o assento do presidente Hugo Motta e anunciou que não sairia. A situação se agravou quando, por volta de 17h34, o sinal da TV Câmara foi cortado e policiais legislativos esvaziaram o plenário, retirando jornalistas e impedindo qualquer registro independente. Às 18h08, o deputado foi removido à força.

Do lado de fora, ele criticou o corte da transmissão e a retirada da imprensa e comparou o rigor adotado contra ele com um episódio recente: em agosto, parlamentares da direita ocuparam as mesas diretoras da Câmara e do Senado por mais de 24 horas em protesto contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. Naquele dia, deputados e senadores usaram correntes nas mãos, cobriram as bocas com adesivos, fizeram refeições e até momentos de oração dentro dos plenários — e permaneceram quase dois dias sem sofrer o mesmo tipo de repressão ou retirada forçada.


Reação de Hugo Motta e acusações contra Glauber

A ocupação ocorreu justamente no dia em que Hugo Motta anunciou que colocaria em análise o processo de cassação de Glauber. Além do episódio com o militante do MBL, o Partido Novo também o acusa de agressão ao deputado Kim Kataguiri — algo negado por Kim, mas considerado comprovado pelo relator do Conselho de Ética.

Nas redes sociais, Hugo Motta classificou a ação de Glauber como “esdrúxula” e determinou a apuração de possíveis excessos na cobertura da imprensa. Ele afirmou ainda que extremismos testam a democracia diariamente e que as instituições precisam ser protegidas.


Denúncias de truculência e registros de ocorrência

A retirada de Glauber foi marcada por empurrões e tumulto. Jornalistas relataram agressões físicas, e parlamentares afirmaram que agentes da Polícia Legislativa agiram com força excessiva. Deputadas aliadas, como Sâmia Bomfim e Célia Xakriabá, registraram boletim de ocorrência e realizaram exames de corpo de delito após relatarem lesões durante a ação.

Do lado de Glauber, a narrativa é de violência injustificável e de tratamento desigual quando comparado a outros episódios de ocupação. Ele acusa Hugo Motta de ordenar a retirada imediata e criticou a falta de transparência provocada pelo corte da transmissão oficial.


Cassação, disputa política e desgaste institucional

O processo de cassação de Glauber já havia elevado a tensão na Casa. Ele responde por quebra de decoro devido a episódios envolvendo confrontos com integrantes do MBL e com parlamentares. A expectativa de votação, aliada ao protesto do deputado, transformou o plenário em um campo de conflito.

O episódio reacendeu debates sobre a deterioração do ambiente institucional. A cena de um deputado sendo removido à força, o corte abrupto do sinal da TV Câmara e a expulsão da imprensa reforçam a percepção de que o Legislativo atravessa uma crise de normalidade. Em vez de debate, sucessivas rupturas; em vez de transparência, manobras e tensionamentos.

O resultado é um Parlamento cada vez mais distante do papel de guardião da democracia — e mais perto de um cenário de instabilidade que envergonha o país.

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