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Moraes nega atuação da esposa e pressão no caso Banco Master-BRB; oposição aguarda acareação e articula impeachment

Ministro do STF divulgou notas oficiais para negar interferência no Banco Central, enquanto oposição vê acareação como peça-chave para investigações

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a negar qualquer tipo de pressão sobre o Banco Central em favor do Banco Master e afirmou que o escritório de advocacia de sua esposa, Viviane Barci de Moraes, não atuou na operação envolvendo a tentativa de aquisição do banco pelo Banco de Brasília (BRB). As declarações foram feitas por meio de notas oficiais divulgadas em menos de 24 horas, em meio ao avanço de denúncias e à reação política no Congresso Nacional.

As manifestações do ministro ocorreram após reportagens que apontaram contatos entre Moraes e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, além de questionamentos sobre um contrato milionário entre o Banco Master e o escritório de advocacia ligado à família do magistrado.


Moraes afirma que encontros trataram apenas da Lei Magnitsky

Segundo o ministro, ele realizou duas reuniões em seu gabinete com o presidente do Banco Central exclusivamente para tratar dos efeitos da aplicação da Lei Magnitsky, legislação norte-americana que prevê sanções financeiras a estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos.

De acordo com Moraes, a primeira reunião ocorreu em 14 de agosto, após a aplicação inicial da lei, e a segunda em 30 de setembro, depois da sanção ter sido estendida à sua esposa. O ministro sustenta que não houve qualquer discussão sobre o Banco Master, tampouco pressão institucional ou tentativa de interferência na atuação do Banco Central.

Ele também afirmou que jamais esteve no Banco Central para tratar do tema e que não houve ligações telefônicas com Galípolo relacionadas à operação Master-BRB.


Escritório da esposa e contrato milionário

No centro das suspeitas está um contrato estimado em cerca de R$ 129 milhões, firmado entre o Banco Master e o escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes, com pagamentos mensais previstos ao longo de três anos. Parlamentares da oposição apontam o acordo como possível indício de conflito de interesses.

Moraes, no entanto, nega irregularidades e afirma que o escritório de sua esposa jamais atuou perante o Banco Central na operação envolvendo o Banco Master e o BRB, nem apresentou petições, pedidos de reuniões ou qualquer tipo de representação institucional relacionada ao caso.


Operação Master-BRB e investigações

A tentativa de aquisição do Banco Master pelo BRB acabou sendo vetada pelo Banco Central, sob a justificativa de ausência de documentação que comprovasse a viabilidade econômico-financeira da operação.

Posteriormente, o controlador do Banco Master, Daniel Vorcaro, tornou-se alvo de investigações que apuram fraudes no sistema financeiro, com suspeitas envolvendo valores bilionários. O caso passou a ser acompanhado pelo STF, sob relatoria do ministro Dias Toffoli.


Oposição aguarda acareação “com ansiedade”

Em meio à crise, parlamentares da oposição afirmam aguardar “com ansiedade” a acareação marcada por Dias Toffoli para o próximo dia 30, envolvendo Daniel Vorcaro. A expectativa é que o depoimento traga novos elementos capazes de elucidar suspeitas de advocacia administrativa e fortalecer investigações em andamento.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), uma das autoras de um novo pedido de impeachment contra Moraes, afirma que as informações obtidas na audiência podem ajudar a esclarecer a suposta atuação do ministro em favor do Banco Master.

Além disso, parlamentares defendem que Toffoli volte a autorizar a quebra dos sigilos telemático, bancário e fiscal de Vorcaro, medida considerada essencial para aprofundar as apurações no âmbito da CPMI do INSS.


CPMI do INSS e sigilos

Daniel Vorcaro chegou a ser convocado para depor na CPMI do INSS, que investiga suspeitas de fraudes, organização criminosa e emissão de créditos considerados irregulares, com possíveis impactos sobre benefícios previdenciários e descontos em aposentadorias.

A comissão recebeu documentos oriundos da quebra de sigilos em duas etapas, mas o material acabou ficando inacessível após decisão de Toffoli que determinou sigilo dos dados no STF, o que gerou críticas da oposição.


Pressão por impeachment e CPI

As suspeitas envolvendo Moraes impulsionaram a articulação de novos pedidos de impeachment no Senado e discussões sobre a criação de uma CPI para investigar a relação entre o ministro, o Banco Master e o escritório de advocacia da família.

Diferentemente de representações anteriores, baseadas em decisões judiciais, os novos pedidos sustentam a possibilidade de crime de advocacia administrativa, que consiste no uso do cargo público para patrocinar interesses privados.


Notas oficiais de Alexandre de Moraes

Em nota, o ministro afirmou:

“Em nenhuma das reuniões foi tratado qualquer assunto ou realizada qualquer pressão referente à aquisição do BRB pelo Banco Master. Esclarece, ainda, que jamais esteve no Banco Central e que inexistiu qualquer ligação telefônica entre ambos, para esse ou qualquer outro assunto. Por fim, esclarece que o escritório de advocacia de sua esposa jamais atuou na operação de aquisição Master-BRB perante o Banco Central.”

Moraes também declarou que manteve reuniões com representantes de grandes instituições financeiras e entidades do setor bancário exclusivamente para tratar dos impactos da Lei Magnitsky, negando qualquer interferência em supervisão bancária ou política monetária.


Cenário segue em disputa política

Enquanto o ministro reafirma sua versão e nega irregularidades, a oposição avalia que a combinação de contratos milionários, investigações criminais e registros de reuniões institucionais elevou o desgaste político do caso. A expectativa é de que o tema permaneça no centro do debate institucional em 2026, ampliando a pressão sobre o STF e o Congresso Nacional.

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