A Região Metropolitana de São Paulo vive um dos episódios climáticos mais severos dos últimos anos. Mais de 24 horas após o vendaval histórico, 1,4 milhão de clientes ainda estão sem energia, segundo a Enel. As rajadas, que ultrapassaram 98 km/h, causaram destruição, afetaram o abastecimento de água em diversas cidades, derrubaram árvores, bloquearam vias, danificaram redes elétricas e provocaram caos em aeroportos e no transporte público.
O vendaval foi provocado pela borda de um ciclone extratropical que se formou no Sul e avançou para o Sudeste. Segundo meteorologistas, foi a primeira vez que rajadas tão fortes atingiram a Grande São Paulo sem chuva associada, tornando a situação ainda mais imprevisível.
Enel diz que 1,4 milhão segue sem luz e nega falhas de comunicação com a prefeitura
Em entrevista ao Jornal da CBN, Marcelo Puertas, diretor da Regional Norte da Enel, afirmou que as rajadas de 98 km/h derrubaram árvores e postes, destruindo redes inteiras:
“Nunca tínhamos observado algo dessa magnitude. Árvores caem, destroem a rede e é preciso reconstruir tudo.”
Ele afirmou que a empresa mobilizou 1,6 mil equipes, incluindo motoeletricistas, e negou que haja falta de alinhamento com a Prefeitura:
“Estamos juntos no gabinete de crise no Palácio do Governo. As prioridades são definidas com o Estado e a Defesa Civil.”
No momento mais crítico, 2 milhões de clientes ficaram sem energia. Cerca de 35% já tiveram o serviço restabelecido, mas os danos são profundos e a recuperação deve seguir ao longo dos próximos dias.
Bairros mais afetados na capital
- Ipiranga
- Jabaquara
- Vila Prudente
- Vila Andrade
- Campo Limpo
- Limão
Na Grande São Paulo, Embu-Guaçu, Cotia e Juquitiba têm mais de 40% das residências ainda sem energia.
Falta de água atinge Mogi das Cruzes, Santa Isabel e Guararema
Os efeitos do vendaval também atingem com força o Alto Tietê. Mogi das Cruzes, Santa Isabel e Guararema registram falta de água nesta quinta-feira (11) devido às quedas de energia que interromperam o funcionamento de estações de tratamento e bombeamento.
Situação em Mogi das Cruzes
O Semae informou que as interrupções atingiram unidades essenciais — incluindo a principal Estação de Captação do Rio Tietê.
Cada queda de energia força reinício total do processo de captação, tratamento e pressurização, provocando intermitência no abastecimento em todos os bairros.
Bairros como Nova Mogilar, Vila Oliveira e César de Sousa ficaram sem energia desde a manhã de quarta.
Santa Isabel completamente sem água
A Sabesp informou que, após o temporal, toda a cidade ficou sem água porque o bombeamento foi interrompido.
Mesmo nos locais onde a energia já voltou, o abastecimento será reestabelecido de forma gradual.
Guararema também é afetada
Em Guararema, o equipamento de captação de água ficou sem energia, interrompendo o fornecimento na região central e em bairros próximos.
A EDP realizou reparos na madrugada, e a normalização ocorre aos poucos.
Recomendações aos moradores
- Reduzir tempo de banho
- Evitar lavar roupas, carros e quintais
- Usar com consciência a água da caixa-d’água
- Ter reservatório mínimo de 200 litros por morador
Ventania causa estragos no Alto Tietê: árvores caídas, destelhamentos e novos apagões
Cidades como Arujá, Mogi das Cruzes, Guararema, Santa Isabel, Salesópolis e Biritiba-Mirim enfrentaram quedas de árvores, apagões e danos estruturais.
Arujá: ventos acima de 80 km/h
A Prefeitura registrou 13 quedas de árvores. Uma delas caiu em frente ao Paço Municipal.
Segundo a Defesa Civil, ventos superaram 80 km/h, resultado direto do ciclone extratropical.
Mogi das Cruzes: loja destelhada e vias bloqueadas
- Uma loja de plantas no bairro Socorro teve o telhado arrancado.
- Galhos caíram na Avenida Francisco Rodrigues Filho, exigindo trabalho de remoção.
- Bairros como César de Sousa ficaram às escuras até a madrugada.
Salesópolis
O Parque das Nascentes foi fechado por segurança; previsão de reabertura na quinta.
EDP reforça equipes
Em nota, a concessionária informou que reforçou equipes antes mesmo da ventania, devido à previsão climática.
Os reparos envolvem quedas de galhos e objetos lançados contra a rede — o que aumenta o tempo de reconstrução.
Aeroportos enfrentam caos: 344 voos cancelados em dois dias
O vendaval interrompeu operações no Aeroporto de Congonhas e afetou o Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Somente nesta quinta (11):
- 100 voos cancelados
Total desde quarta (10):
- 344 voos cancelados
Congonhas
- Hoje: 31 chegadas e 15 partidas canceladas
- Ontem: 88 chegadas e 93 partidas suspensas
- 227 voos cancelados em dois dias
Guarulhos
- Hoje: 15 partidas e 39 chegadas canceladas
- Desde ontem: 61 chegadas e 56 partidas canceladas
Terminais registraram filas gigantes, passageiros dormindo no chão e remarcações para dias 14 e 15.
Trânsito e serviços públicos seguem comprometidos
- 235 semáforos apagados
- Lentidão de 203 km registrada às 7h
- Todos os parques municipais fechados por risco de quedas
- Hospital São Paulo operou com geradores
- Sabesp confirma falta de água em bairros da capital
O Corpo de Bombeiros registrou mais de 500 ocorrências de queda de árvores na capital e região.
Ciclone extratropical segue influenciando o clima
Segundo meteorologistas, os ventos devem permanecer fortes ao longo do dia, com possibilidade de novos episódios de instabilidade.
Um dos dias mais críticos dos últimos anos em São Paulo
Com milhões de pessoas sem energia, falta de água em múltiplas cidades, voos cancelados, trânsito travado e danos estruturais, o vendaval entra para a lista dos eventos climáticos mais severos da década no estado.
A Enel afirma que os reparos devem continuar até que “o último cliente seja religado”, mas alerta que os danos na rede são extensos e exigem reconstrução cuidadosa.em aeroportos e ruas bloqueadas, o vendaval que atingiu a região se consolida como um dos eventos climáticos mais severos dos últimos anos.




