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Após a liquidação do Banco Master, como ficam correntistas e investidores

Hoje (18) de novembro, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master após concluir que a instituição estava com a situação econômico-financeira comprometida, especialmente pela perda de liquidez e pelo descumprimento de normas do sistema bancário. Com a medida, as negociações de venda do banco — inclusive com o consórcio Fictor Holding, que havia apresentado proposta de aporte de R$ 3 bilhões — foram automaticamente encerradas. O BC nomeou um liquidante, responsável por administrar o processo por até 120 dias, período em que operações são encerradas e ativos do banco passam a ser organizados para pagamento dos credores conforme a legislação.

O Banco Master vinha adotando uma estratégia agressiva para atrair recursos, oferecendo CDBs com rendimento bem acima do padrão do mercado. Paralelamente, seus ativos estavam concentrados em operações de baixa liquidez, como precatórios e direitos creditórios, o que ampliava a fragilidade da instituição em momentos de estresse financeiro.

Havia negociações avançadas para uma linha de assistência de liquidez com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), mas a deterioração da estrutura do banco avançou mais rapidamente. Outro fator que acelerou a decisão do Banco Central foi a prisão do presidente do banco, Daniel Vorcaro, um dia antes da liquidação, em operação da Polícia Federal que investiga suspeitas de gestão fraudulenta.


Vídeo sobre correntistas do Banco Master ( Vídeo: reprodução/ G1)

Em relação aos correntistas

Com a liquidação, contas correntes e demais depósitos dos clientes passam a ser administrados pelo liquidante. Parte desses valores poderá ser coberta pelo FGC, que garante até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ por instituição. Como o banco era conhecido por operações de maior risco, há preocupação com o volume que o FGC precisará cobrir e com a agilidade do processo de ressarcimento.

Investidores (CDBs e outros produtos)

Grande volume dos investimentos feitos no Banco Master, como CDBs, estava fora de propostas anteriores de aquisição da instituição — em uma delas, por exemplo, cerca de R$ 33 bilhões em CDBs não seriam assumidos pelo comprador. Para investidores até o limite de R$ 250 mil, o FGC pode garantir o ressarcimento, mas quem possui valores acima desse teto terá de aguardar a liquidação para saber quanto poderá recuperar.

Havia expectativa de que o FGC liberasse aproximadamente R$ 4 bilhões para resgate de CDBs de curto prazo, dependendo de aprovações formais, o que poderia aliviar parte das perdas imediatas de investidores.

Com a liquidação decretada, o Banco Central interrompeu qualquer possibilidade de transferência do controle da instituição. O liquidante será responsável por vender ativos do banco — como precatórios e créditos — para formar caixa e pagar credores. O processo costuma ser demorado, pois envolve levantamento minucioso de ativos, avaliação de dívidas e definição da ordem de prioridade dos pagamentos.

Reação do mercado e impacto no sistema financeiro

A decisão colocou pressão sobre o FGC, que terá de honrar depósitos elegíveis caso os recursos próprios do banco não sejam suficientes. Em razão do risco observado nesse episódio, o Conselho Monetário Nacional aprovou novas regras mais rígidas para a participação de instituições no fundo.

Antes da liquidação, o grupo controlador do Master havia ampliado o capital na tentativa de reforçar sua posição e evitar uma intervenção, mas as medidas foram consideradas insuficientes para reverter o quadro.

A liquidação extrajudicial do Banco Master marca um momento delicado para correntistas e investidores. Embora parte dos clientes esteja protegida pelo FGC, muitos investidores — especialmente com aplicações acima de R$ 250 mil — podem enfrentar incertezas e longos prazos de espera. O desfecho dependerá do trabalho do liquidante e da capacidade de venda dos ativos do banco.

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