Às vésperas do início do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), a maioria dos réus do chamado núcleo crucial da trama golpista já sinalizou que não deve comparecer presencialmente às sessões. A análise da ação penal, que começa nesta terça-feira (2), definirá se os acusados serão absolvidos ou condenados.
A presença não é obrigatória, e os réus devem ser representados por seus advogados. A orientação das defesas é para que acompanhem os trabalhos pela televisão, evitando exposição.
Entre as ausências previstas estão Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e delator do esquema; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; e Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional. O general Braga Netto, preso no Rio de Janeiro por suspeita de obstruir investigações, também acompanhará o julgamento de forma remota.
A presença do ex-presidente Jair Bolsonaro ainda é incerta. Em prisão domiciliar por descumprir restrições impostas pelo STF, como a proibição do uso de redes sociais, Bolsonaro precisaria de autorização do ministro Alexandre de Moraes para ir ao tribunal. Advogados próximos a ele recomendam que não compareça, mas aliados avaliam que sua presença seria um gesto político de força.
Já o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, é o único nome do grupo que pode comparecer presencialmente a alguma sessão. Não há definição sobre a posição do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin.
O STF reservou cinco dias e oito sessões, entre 2 e 12 de setembro, para o julgamento. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa os réus de liderarem uma organização criminosa que teria atuado para manter Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022. Todos negam participação em uma trama golpista e pedem a rejeição da denúncia por falta de provas.