O governo federal instituiu nesta segunda-feira (10) o programa “Governo na Rua”, coordenado pelo novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSOL). A iniciativa tem como objetivo estabelecer um canal direto de diálogo entre o Executivo e a população, reforçando a presença do Estado nos territórios e ampliando os mecanismos de participação social.
A criação do programa foi oficializada por meio da Portaria SG/PR nº 203, publicada no Diário Oficial da União. Segundo o texto, a proposta é “estudar, diagnosticar e propor projetos de atuação para a efetividade da política de participação social e sua territorialização”, tornando o contato entre governo e sociedade mais próximo e permanente.
Estrutura e objetivos
O “Governo na Rua” será implementado em quatro frentes principais:
- Diagnóstico da execução das políticas federais de participação social e identificação dos principais problemas enfrentados pela população;
- Elaboração de modelos alternativos de gestão, com foco na superação de entraves burocráticos;
- Definição de estratégias de participação social para aplicação em diferentes níveis da federação (União, estados, Distrito Federal e municípios);
- Articulação territorial das políticas públicas federais com foco na escuta ativa e no diálogo social.
Para conduzir a fase inicial, foi criado um Grupo de Trabalho Técnico (GTT), responsável por elaborar o diagnóstico, propor diretrizes e definir indicadores de avaliação. O grupo terá 60 dias para apresentar um relatório final com sugestões para a execução e institucionalização do programa — prazo que poderá ser prorrogado por igual período.
Diretrizes e composição
O programa será guiado por princípios como transversalidade das políticas públicas, inclusão e diversidade, equidade territorial, inovação na participação social e promoção da cidadania.
O GTT será composto por representantes da Secretaria-Executiva da Secretaria-Geral da Presidência, da Assessoria Especial do ministro, da Secretaria Nacional de Participação Social, da Secretaria Nacional de Juventude e do Conselho de Participação Social.
A participação no grupo será considerada serviço público relevante, sem remuneração.
Boulos e a missão de “colocar o governo na rua”
Desde que foi indicado para o cargo, Boulos tem afirmado que recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a missão de aproximar o governo da população.
“Nosso foco será colocar o governo na rua, rodar todos os cantos do país, ouvir as pessoas, conversar olho no olho, ter a humildade de ouvir críticas e mostrar o que temos feito pelo povo brasileiro”, declarou o ministro em seu discurso de posse.

Ele também anunciou que pretende realizar uma série de viagens para apresentar ações do governo e ouvir demandas locais, em parceria com movimentos sociais e lideranças regionais.
Contexto político
A nomeação de Boulos e o lançamento do programa são vistos como parte dos movimentos estratégicos do governo Lula para 2026, ano em que o presidente deve buscar seu quarto mandato.

Fontes do Palácio do Planalto afirmam que a iniciativa pretende fortalecer a base social do governo e consolidar um canal permanente de mobilização popular, conectando a agenda política do Executivo às demandas das comunidades.
Com o “Governo na Rua”, o Planalto busca reforçar a imagem de um governo presente nos territórios e atento às vozes da sociedade — em um momento em que a participação social volta a ser tratada como eixo central da gestão federal.



