O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante a 6ª plenária do Conselhão no Palácio do Itamaraty, que não há crise institucional entre o governo federal e o Congresso Nacional.
“Vocês acham que nós, do governo, temos algum problema com o Congresso Nacional? A gente não tem”, declarou.
Apesar disso, Lula fez críticas contundentes às emendas impositivas — verbas destinadas diretamente por deputados e senadores, com pagamento obrigatório pela União. Ele classificou o mecanismo como “um grave erro histórico” e acusou o Congresso de “sequestrar 50% do Orçamento da União”.
Segundo o presidente, esse modelo reduz a capacidade de decisão do Executivo e dificulta a execução de políticas públicas planejadas, sobretudo em áreas que dependem de custeio e de investimentos considerados prioritários pelo governo.
Lula também relacionou o debate orçamentário a recentes derrotas políticas, como a derrubada de vetos que havia imposto a trechos do projeto sobre licenciamento ambiental. Ele afirmou que os vetos buscavam proteger o agronegócio, alertando que o Brasil poderia sofrer prejuízos em mercados internacionais atentos às questões ambientais.
Para o presidente, a mudança desse “modelo problemático” de emendas não depende apenas do governo, mas de uma renovação política no Legislativo. Segundo Lula, “você só vai acabar com isso quando mudar as pessoas que governam e as pessoas que aprovaram isso”.
Relevância política do episódio
As declarações ocorrem em meio à articulação entre o governo e o Congresso sobre a possível indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal — tema que ampliou o debate sobre o equilíbrio entre os Poderes. A forte crítica às emendas impositivas reacende a discussão sobre a autonomia do Executivo na elaboração e execução do Orçamento, ponto central da agenda econômica e social do governo.
Embora negue tensão institucional, ao usar expressões como “sequestro”, Lula sinaliza insatisfação com o atual arranjo orçamentário, o que pode afetar sua relação com parlamentares que dependem das emendas para suas bases políticas.
O que está em jogo
A posição de Lula pode gerar impactos práticos e políticos. Se o governo insistir em mudanças no modelo de emendas, poderá enfrentar resistência no Legislativo. Por outro lado, cresce a pressão por maior flexibilidade na gestão do Orçamento, permitindo ao Executivo priorizar investimentos estratégicos em áreas como saúde, educação e infraestrutura.
O discurso do presidente reforça a visão de que as emendas impositivas distorcem a lógica democrática da alocação de recursos, transformando o Orçamento em instrumento de barganha política.




