O deputado estadual de São Paulo, Eduardo Suplicy (PT), anunciou hoje, 19 de setembro, que recebeu o diagnóstico da doença de Parkinson. Ele compartilhou que desde fevereiro está seguindo um tratamento baseado em compostos derivados da planta cannabis sativa.
Ele fez essa revelação durante uma audiência pública na Câmara, que tinha como foco a discussão sobre a regulamentação da produção e utilização da cannabis medicinal para fins terapêuticos e médicos.
Em suas palavras: “Quero informar a todos que, no final do ano passado, fui diagnosticado com uma forma leve da doença de Parkinson. Experimentei tremores nas mãos e dores musculares na perna esquerda. Além da medicação tradicional, comecei a me tratar com cannabis medicinal a partir de fevereiro deste ano.”
Vale ressaltar que o Parkinson, uma doença que não possui cura, é caracterizada principalmente pela distonia, que envolve contrações musculares. Especialistas apontam que suas causas podem ser desconhecidas, genéticas ou associadas a acidentes e fatores ambientais.
Eduardo Suplicy, com seus 82 anos, afirmou que tem se sentido muito bem.
“Continuo muito ativo, faço minha ginástica três vezes por semana das 7h15 às 8h15. […] Quero ressaltar que a cannabis não é que sara. Mas ela traz uma qualidade de vida melhor para todas”, acrescentou.
Durante sua declaração na audiência, Suplicy também defendeu a necessidade de avançar nas leis que permitam a produção nacional e simplifiquem a comercialização da planta.
Ele afirmou: “O acesso à cannabis é um direito humano. É importante que a legislação seja aprovada rapidamente.”
O uso medicinal da cannabis está regulamentado por resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que permitem a importação e o registro de medicamentos à base de substâncias derivadas da planta. Além disso, associações canábicas autorizadas judicialmente podem fornecer esses medicamentos, mas o cultivo doméstico ainda está sujeito a decisões judiciais.
Recentemente, a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu um salvo-conduto para o cultivo doméstico de cannabis sativa com fins medicinais, evitando a prisão de pessoas nessa situação.
Apesar dos avanços, a cannabis medicinal continua sendo um tratamento dispendioso, levando muitas pessoas a buscar soluções judiciais para obrigar o Estado a fornecer os medicamentos.
No ano de 2021, a Câmara aprovou um projeto que permitia o cultivo de cannabis para fins medicinais e industriais por empresas. O texto foi votado em uma comissão da Câmara e deveria seguir diretamente para o Senado. Contudo, a proposta não foi enviada aos senadores, devido a recursos apresentados por deputados alinhados ao então presidente Jair Bolsonaro, que manifestou a intenção de vetar o projeto. Desde então, a análise do projeto está parada.
Na época, o presidente do comitê, agora ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, também defendeu na audiência a apreciação do recurso no plenário da Câmara. Ele argumentou que o uso medicinal da cannabis é uma questão científica e que o Brasil não pode ficar para trás em pesquisa sobre o assunto. A expectativa é que, após o término da audiência, os participantes enviem um pedido ao presidente da Câmara, Arthur Lira, solicitando a análise do projeto.