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Congresso dos EUA aprova lei que ordena divulgação de arquivos sobre Jeffrey Epstein

O Congresso dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira (18) um projeto de lei que obriga o governo federal a tornar públicos todos os documentos relacionados à investigação sobre o bilionário Jeffrey Epstein, acusado de comandar um esquema de exploração sexual envolvendo menores de idade.

O texto segue agora para a sanção do presidente Donald Trump, que terá até 30 dias para determinar a liberação completa dos arquivos.

Contexto do caso

Epstein foi denunciado por abusar sexualmente de mais de 250 meninas e por chefiar uma rede de exploração na década de 2000. O caso voltou ao centro das atenções neste ano após novas revelações e pressões para que documentos mantidos sob sigilo fossem divulgados.

Na semana passada, parlamentares tornaram públicos e-mails que sugerem que Trump tinha conhecimento de parte da conduta de Epstein. Em uma das mensagens, o bilionário afirmou que o atual presidente “passou horas” em sua casa com uma das vítimas. Epstein e Trump tiveram relação de amizade nos anos 1990 e início dos anos 2000.

Preso em 2019, Epstein foi encontrado morto em sua cela um mês após a detenção — segundo autoridades, ele tirou a própria vida.

O que diz o projeto aprovado

A proposta aprovada por ampla maioria na Câmara e no Senado exige que:

  • todos os documentos da investigação sejam divulgados no prazo de até 30 dias após a sanção;
  • informações que exponham vítimas ou que estejam ligadas a apurações ainda em andamento possam ser parcialmente ocultadas;
  • não sejam permitidas censuras por motivos de reputação, constrangimento ou sensibilidade política.

Analistas avaliam que a medida representa um revés político para Trump, que alternou discursos sobre o tema ao longo do ano.

Mudanças de postura de Trump

Durante a campanha presidencial de 2024, Trump chegou a prometer que revelaria documentos sigilosos sobre Epstein caso voltasse ao poder. Sua equipe liberou parte dos arquivos no início deste ano, e a procuradora-geral Pam Bondi chegou a mencionar que uma lista de possíveis clientes estava “em revisão”.

Posteriormente, o Departamento de Justiça declarou não ter encontrado provas da existência de uma lista, frustrando apoiadores e alimentando críticas. Desde então, Trump passou a minimizar o tema e chegou a desqualificar quem insistia no assunto.

Apesar das tentativas da Casa Branca de barrar a tramitação do projeto no Congresso, a proposta obteve o número necessário de assinaturas, inclusive de parlamentares republicanos. Diante da pressão, Trump mudou de posição e passou a defender a aprovação do texto.

Documentos recém-divulgados citam o presidente

Em 12 de novembro, o Congresso divulgou mais de 20 mil páginas de arquivos da investigação. Entre eles, e-mails trocados por Epstein com familiares e associados.

Em uma mensagem de janeiro de 2019, Epstein escreveu que Trump “sabia sobre as garotas”, citando uma vítima cujo nome foi suprimido e mencionando Mar-a-Lago, o resort do presidente na Flórida.

Outro e-mail, enviado a Ghislaine Maxwell em 2011, traz a frase:

“O cachorro que não latiu é Trump”,
complementando que uma das vítimas “passou horas na minha casa com ele”.

Esses documentos reacenderam questionamentos sobre o grau de conhecimento de Trump sobre as atividades ilícitas do bilionário. Alguns parlamentares democratas afirmam que há indícios de que o presidente sabia mais do que admitiu.

A Casa Branca, porém, classificou a controvérsia como uma “armadilha política”, e a porta-voz Karoline Leavitt declarou que os e-mails não mostram qualquer conduta irregular por parte de Trump.