Mauro Cid tentou vender Rolex que Bolsonaro ganhou na Arábia Saudita

Novos documentos enviados à CPI dos Atos Golpistas no Congresso revelam que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Barbosa Cid, tentou comercializar um relógio da marca Rolex, que foi presenteado ao então presidente durante uma viagem oficial à Arábia Saudita.

Os e-mails que foram obtidos pela CPI foram divulgados pelo jornal O Globo nesta sexta-feira (4).

O relógio em questão foi oferecido a Bolsonaro em um almoço promovido pelo rei da Arábia Saudita à comitiva brasileira no dia 30 de outubro de 2019. Nessa mesma viagem, Bolsonaro e sua equipe também visitaram o Catar.

Em 11 de novembro daquele ano, o relógio Rolex foi oficialmente registrado no Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência da República como parte do “acervo privado”.

No mesmo registro, consta uma autorização para a liberação do relógio, datada de 6 de junho de 2022.

De acordo com informações de membros da CPI dos Atos Golpistas, nessa mesma data, Mauro Cid trocou e-mails em inglês, discutindo a possibilidade de vender o relógio por US$ 60 mil (mais de R$ 291 mil).

Os e-mails não esclarecem completamente com quem o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro estava negociando. Segundo o relatório, naquela época, Mauro Cid estava em contato com Maria Farani, que atuava como assessora no Gabinete Adjunto de Informações do gabinete pessoal de Bolsonaro.

Maria foi desligada da Presidência da República em janeiro de 2023. Em um dos e-mails obtidos pela CPI, a ex-funcionária pública menciona, em inglês

“Olá Mauro, obrigada pelo interesse em vender o seu Rolex. Tentei falar com você por telefone mas não consegui. Pode por favor me falar se você tem o certificado de garantia original do relógio?”

“Quanto você espera receber por essa peça? O mercado para Rolex usados está em baixa, especialmente para relógios cravejados de platina e diamante (já que o valor é tão alto). Só queria me certificar de que estamos na mesma linha antes de fazermos muita pesquisa. Espero ouvir notícias suas.”

Segundo os documentos obtidos pela CPI, Mauro Cid responde à mensagem de Maria Farani. Neste caso, o material da CPI não indica o cabeçalho da mensagem (com data e autor), somente o conteúdo:

“Olá …, Nós não temos o certificado do relógio, já que foi um presente recebido em viagem oficial de negócios. O que temos é o selo verde de certificado superlativo, que acompanha o relógio. Além disso, posso certificar que o relógio nunca foi usado. Pretendo receber por volta de $ 60.000 pela peça. Agradeço o retorno rápido. Mauro Cid”