A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), designada como relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) responsável por investigar os eventos de cunho golpista ocorridos em 8 de janeiro, solicitou a autorização para a quebra do sigilo telefônico de Valdemar Costa Neto, líder do partido PL.
Segundo relatos de Eliziane, Valdemar teria participado de uma reunião com um hacker de forma questionável em termos de integridade pública. Durante seu depoimento à CPMI na última quinta-feira (18), Walter Delgatti Neto revelou que esteve presente em um encontro que incluiu o ex-presidente Jair Bolsonaro (do partido PL) e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), onde também esteve presente o líder partidário em questão.
A relatora tem o interesse em obter informações desde o ano de 2022. O requerimento apresentado solicita a autorização para a quebra do sigilo das chamadas telefônicas, a obtenção de cópias do conteúdo das conversas realizadas via WhatsApp e armazenadas no Google Drive, a requisição de cópias de e-mails, fotos, áudios e vídeos recebidos e enviados, bem como o acesso ao histórico de localização e atividades de busca na internet.
Há alegações de que Bolsonaro teria solicitado ao hacker que comparecesse ao Ministério da Defesa para discutir sobre as urnas eletrônicas. Conforme relatado por Delgatti, o ex-presidente solicitou sua presença nas instalações do ministério para uma conversa com um técnico a respeito de possíveis vulnerabilidades no sistema eleitoral do Brasil. Este encontro com Bolsonaro teria ocorrido no ano anterior, antes da campanha presidencial.
Após a solicitação do ex-presidente, o advogado de Delgatti afirmou que seu cliente se encontrou com um ex-ministro e um coronel do Exército. Os encontros com o ex-chefe da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e o coronel Eduardo Gomes da Silva foram relatados por Ariovaldo Moreira em entrevista à GloboNews. Nogueira nega ter participado de tal reunião.
Múcio busca obter a lista dos militares que se reuniram com o hacker no Ministério da Defesa. O ministro da Defesa solicitou à Polícia Federal o fornecimento dos nomes dos militares que tiveram encontros com Delgatti. O ofício foi enviado à corporação na última sexta-feira (18).
Alega-se que Bolsonaro teria oferecido um indulto ao hacker. De acordo com o relato de Delgatti, essa suposta promessa teve o objetivo de persuadi-lo a comparecer ao Ministério da Defesa. Na ocasião, o hacker afirmou estar desempregado, o que teria sido o motivo que o levou a se comunicar com o presidente.