Search
Close this search box.

Acordo de paz entre Rússia e Ucrânia avança, mas exigência de retirada de tropas e disputa territorial seguem como entraves

As negociações para um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia avançaram nos últimos dias, segundo declarações de autoridades dos dois lados e dos Estados Unidos. Apesar do discurso mais otimista, o governo russo deixou claro que a retirada de tropas ucranianas de áreas estratégicas segue como condição central para o fim da guerra, enquanto Kiev resiste a concessões territoriais.


Rússia vê acordo mais próximo, mas impõe condições

O governo do presidente Vladimir Putin afirmou nesta segunda-feira (29) que concorda com a avaliação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que um acordo de paz está “muito mais próximo”. No entanto, Moscou reforçou que qualquer entendimento dependerá da retirada das forças ucranianas das áreas que ainda controlam na região de Donbas.

Segundo o Kremlin, caso a Ucrânia não aceite um acordo nos termos propostos, poderá perder ainda mais território. A Rússia reivindica oficialmente Donbas, além das regiões de Zaporizhzhia e Kherson, como parte de seu território, apesar de a maior parte da comunidade internacional reconhecer essas áreas como ucranianas.


Conversas diretas impulsionam negociações

No domingo (28), Donald Trump conversou separadamente com Vladimir Putin e com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em uma tentativa de destravar as negociações. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, indicou que uma nova ligação entre Trump e Putin pode ocorrer em breve, o que reforça o movimento diplomático em curso.

Trump, que durante a campanha eleitoral afirmou que encerraria a guerra rapidamente, reconheceu que ainda existem “questões muito espinhosas” a serem resolvidas e evitou estabelecer prazos para o fim do conflito.


Territórios ocupados seguem como principal impasse

A cessão de territórios é apontada como o maior obstáculo para um acordo definitivo. Atualmente, estimativas indicam que a Rússia controla cerca de um quinto do território ucraniano, incluindo:

  • A Crimeia, anexada em 2014
  • Aproximadamente 90% de Donbas
  • Cerca de 75% das regiões de Zaporizhzhia e Kherson
  • Pequenas áreas de Kharkiv, Sumy, Mykolaiv e Dnipropetrovsk

Trump afirmou que a questão territorial é central nas negociações e sugeriu que concessões agora poderiam evitar novas perdas no futuro. O Kremlin ecoou esse discurso ao afirmar que a continuidade da guerra pode resultar em mais avanços russos.

Zelensky, por sua vez, declarou que qualquer acordo envolvendo mudanças territoriais precisaria ser submetido a um referendo nacional, conforme exige a Constituição da Ucrânia. Ele ressaltou, no entanto, que para isso seria necessário um cessar-fogo de pelo menos 60 dias.


Destino da usina nuclear de Zaporizhzhia também trava acordo

Outro ponto crítico nas negociações é o futuro da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, atualmente sob controle russo. O governo ucraniano defende um modelo de operação conjunta envolvendo Estados Unidos e Ucrânia, com divisão da produção de energia.

Trump elogiou a postura de Putin em relação à usina, afirmando que o líder russo estaria colaborando para a reabertura da instalação, o que foi visto como um sinal positivo nas conversas.


Trégua temporária divide opiniões

A proposta de uma trégua temporária também gera divergências. Enquanto Kiev vê o cessar-fogo como essencial para viabilizar negociações internas e um possível referendo, assessores do Kremlin afirmam que uma pausa apenas prolongaria o conflito sem resolver suas causas.

Apesar das diferenças, o tom adotado por Rússia, Ucrânia e Estados Unidos indica um momento de maior disposição ao diálogo, ainda que os principais entraves — território, segurança e infraestrutura estratégica — sigam sem solução definitiva.

O cenário aponta para negociações intensas nas próximas semanas, com avanços diplomáticos convivendo com exigências duras e riscos de escalada caso um acordo não seja alcançado.