Número de idosos dispara nos últimos 12 anos, enquanto crianças tem a menor proporção já registrada

De acordo com os mais recentes dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira (27), o Brasil experimentou um aumento significativo de 57,4% na população idosa entre 2010 e 2022. No mesmo período, houve uma diminuição na quantidade de crianças e adolescentes.

O IBGE observou que esses resultados enfatizam a mudança progressiva na estrutura etária do país, onde a base da pirâmide, que representa as crianças, tende a se tornar mais estreita, enquanto o topo, representando os idosos, continua a se expandir.

Em 2022, a parcela da população com mais de 65 anos atingiu 10,9% do total, marcando o nível mais alto desde o primeiro Censo Demográfico de 1982. O crescimento nessa faixa etária em comparação com o Censo anterior, conduzido em 2010, foi de 57,4%. Em contrapartida, o número de crianças e adolescentes com até 14 anos diminuiu em 12,6% ao longo dos anos, representando, em 2022, apenas 19,8% da população brasileira, a menor taxa já registrada em um censo. Na edição anterior, em 2010, essa faixa etária correspondia a 24,1% da população do país.

Transição Demográfica e a Inversão da Pirâmide Etária no Brasil

Em 1940, o Brasil testemunhou o início da queda das taxas de mortalidade, seguido por um declínio na taxa de natalidade cerca de duas décadas depois. Essas mudanças na composição demográfica do país representaram um processo de transição demográfica, resultado das melhorias nas condições sanitárias, avanços na área da saúde, uma maior participação das mulheres no mercado de trabalho e avanços no planejamento reprodutivo, incluindo o uso de métodos contraceptivos, de acordo com informações fornecidas pelo IBGE.

Marcio Mitsuo Minamiguchi, gerente de estimativas e projeções do IBGE, enfatiza que o crescimento da população idosa ainda reflete as elevadas taxas de natalidade na primeira metade do século 20 e os fatores relacionados à crescente longevidade das pessoas com mais de 65 anos. O fenômeno da inversão da pirâmide etária, caracterizado pela redução da base e o alargamento do topo, está se concretizando, e é uma tendência que continuará a se manifestar nas próximas edições do Censo, de acordo com Minamiguchi.

Ele ressalta a importância de reconhecer como essa inversão da pirâmide etária pode afetar vários setores da sociedade, uma vez que as demandas e preocupações mudam à medida que a população envelhece. Por exemplo, o sistema previdenciário pode ser impactado, uma vez que, sob o modelo atual, a população economicamente ativa sustenta a previdência.

O processo de envelhecimento populacional não ocorreu de forma uniforme em todo o país, de acordo com o IBGE. A queda na fecundidade começou em momentos diferentes nas diferentes regiões do Brasil. A região Norte, por exemplo, possui a menor proporção de pessoas com 65 anos ou mais, com apenas 7%. Em 1980, a taxa de fecundidade total na Região Norte ainda era alta, com mais de seis filhos por mulher, enquanto a média nacional era de cerca de quatro filhos por mulher. Somente a partir de 1991 é que se observou um estreitamento da base da pirâmide populacional nessa região.

Por outro lado, as regiões Sudeste e Sul do Brasil já apresentam um perfil populacional mais envelhecido. Ambas já perderam o formato de pirâmide em suas populações devido às quedas sucessivas na taxa de fecundidade a partir da década de 1960, de acordo com o IBGE. Em 1980, as populações de crianças de 0 a 14 anos representavam 34,2% no Sudeste e 36,3% no Sul, enquanto em 2022, essas proporções diminuíram para 18,0% e 18,5% em cada região, respectivamente, evidenciando a inversão da pirâmide.

Minamiguchi destaca que o passado de São Paulo está relacionado a um grande crescimento populacional devido a movimentos migratórios, e os jovens que migraram compõem gerações numerosas que estão envelhecendo e contribuindo para o aumento do topo da pirâmide.