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Entra em vigor designação de Maduro como membro de grupo terrorista pelos EUA

Medida autoriza novas sanções e amplia opções de ação dos Estados Unidos na Venezuela

A partir desta segunda-feira (24), passou a valer a designação do governo dos Estados Unidos que classifica o presidente venezuelano Nicolás Maduro e integrantes de seu círculo político como membros de uma organização terrorista estrangeira. A medida mira o chamado “Cartel de los Soles”, termo usado para descrever uma rede de militares e autoridades venezuelanas supostamente envolvidas com o narcotráfico.

Com a decisão, Washington passa a ter poder ampliado para impor sanções, bloqueios de ativos e ações adicionais contra estruturas do governo de Maduro. Especialistas afirmam, no entanto, que a classificação não autoriza automaticamente o uso de força letal, embora aumente o leque de possibilidades militares.


Expansão militar dos EUA na região

A designação acontece em meio ao reforço da presença militar norte-americana na região. Mais de uma dúzia de navios de guerra e cerca de 15 mil soldados foram deslocados para atuar na chamada “Operação Lança Sul”, que intensificou ações contra o tráfico marítimo.

Nas últimas semanas, militares dos EUA realizaram ataques contra embarcações suspeitas, resultando em dezenas de mortos durante operações antidrogas. Autoridades americanas têm discutido diferentes cenários de ação dentro da Venezuela, incluindo ataques a instalações estratégicas, operações especiais e a possibilidade de não intervenção direta.


Origem e controvérsias sobre o ‘Cartel de los Soles’

O termo Cartel de los Soles é usado há anos para descrever grupos descentralizados dentro das forças armadas venezuelanas supostamente ligados ao tráfico de drogas.
Apesar disso, especialistas apontam que o “cartel” não funciona como uma organização criminosa convencional, podendo ser mais uma referência a agentes do Estado envolvidos em corrupção do que a um grupo estruturado.

Maduro nega qualquer vínculo com atividades ilícitas, assim como integrantes do governo venezuelano, que rejeitam a existência do cartel.


Opinião pública americana e efeitos políticos

Nos Estados Unidos, há resistência da população a uma intervenção direta no país vizinho. Pesquisas recentes indicam que 70% dos americanos são contrários a uma ação militar na Venezuela, enquanto 30% se dizem favoráveis. A maioria dos entrevistados também afirma que o governo não explicou claramente sua posição sobre o uso de força.

Apesar da pressão crescente, fontes diplomáticas avaliam que o objetivo principal é forçar a saída de Maduro sem necessidade de ação militar, por meio de sanções e pressões econômicas. O governo americano chegou a sinalizar abertura para um diálogo futuro, indicando que uma solução negociada ainda é considerada.


Escalada militar e alerta da aviação: FAA classifica espaço aéreo como perigoso

Em meio ao agravamento das tensões, os Estados Unidos realizaram, na semana passada, sua maior demonstração militar recente próxima ao território venezuelano, com movimentação de caças F/A-18E, bombardeiros B-52 e aeronaves de reconhecimento perto da costa do país.

A situação no espaço aéreo venezuelano também gerou repercussões internacionais. A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) emitiu um NOTAM (aviso aos pilotos) classificando o espaço aéreo na região de Maiquetía, onde fica o principal aeroporto internacional da Venezuela, como “potencialmente perigoso”.

O alerta sugere que aeronaves civis devem evitar sobrevoar a área devido ao risco associado às tensões militares e à instabilidade operacional no país. Após o aviso, três companhias aéreas internacionais suspenderam voos que partiam da Venezuela, ampliando o isolamento aéreo do país.


Gol toma decisão imediata após alerta

Entre as empresas que suspenderam operações, a Gol Linhas Aéreas, do Brasil, foi uma das primeiras a cancelar seus voos partindo de Caracas. A companhia reforçou que a decisão foi tomada com base no alerta norte-americano e no entendimento de que as condições de segurança para voos comerciais não estavam garantidas.

A empresa destacou internamente que o NOTAM emitido pela autoridade dos EUA sugere risco para aeronaves em todas as altitudes, o que motivou a suspensão imediata das decolagens, priorizando a proteção de passageiros e tripulação.


Outras companhias seguem a mesma medida

Além da Gol, a colombiana Avianca e a TAP Air Portugal também cancelaram seus voos previstos para sábado.

A TAP informou ainda que suas operações de terça-feira (25) também estão suspensas, citando que as autoridades americanas indicaram que o espaço aéreo venezuelano não oferece condições adequadas de segurança.

A companhia espanhola Iberia comunicou que interromperá seus voos para Caracas a partir de segunda-feira (24), por tempo indeterminado. O voo de sábado, com destino a Madri, chegou a decolar normalmente.

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