O que sua mãe — ou avó — fez ao completar 75 anos de idade?
A inglesa Jeanne Socrates — que também é mãe e avó — tomou uma decisão incomum: deu a volta ao mundo navegando sozinha com um barco à vela, sem fazer escalas em nenhum lugar.
Ela entrou para o Livro dos Recordes como a mulher mais idosa a circum-navegar o planeta em solitário com um veleiro, sem fazer nenhuma escala.
Seria uma conquista extraordinária por si só se Jeanne tivesse encerrado aí.
Mas não foi o caso.
Ela continuou velejando, e agora, aos 81 anos de idade, está dando mais uma volta ao mundo sozinha com um veleiro — sua quinta viagem desse tipo, que começou há oito meses e não tem data para terminar.
“A cabeça nunca envelhece”
“A vida é muito preciosa e tento aproveitá-la ao máximo“, explica Jeanne, que, neste momento, está ancorada com seu barco na Nova Zelândia, à espera do fim da temporada de ciclones no Pacífico Sul, para prosseguir em sua viagem — um giro completo pelos mares do planeta, algo que ela já fez quatro vezes.
“Estou relativamente em boa forma. O bastante para sentar no barco e seguir velejando“, avalia a inglesa.
Mentalmente, aos 80 anos, você não se torna uma pessoa diferente do que era aos 30 ou 50 anos. A cabeça nunca envelhece. Então, se você ainda tem saúde, por que não ir em frente?
“A Jeanne é uma prova de que a idade é apenas um número“, reforça a brasileira Heloisa Schurmann, de 76 anos, matriarca da famosa família navegadora, que também está dando mais uma volta ao mundo com um veleiro (sua quarta viagem desse tipo) e que, há anos, acompanha as aventuras da colega inglesa.
“Ela é um exemplo para todos nós”
– Heloisa Schurmann
Só começou aos 50 anos Curiosamente, Jeanne Socrates aprendeu a velejar quando estava prestes a completar 50 anos de idade, ao se aposentar. No entanto, desde então, nunca mais quis deixar o mar.
Naquela época, ela e seu marido, George, decidiram comprar um pequeno veleiro de 12 metros de comprimento, chamado “Nereida”, e começaram a viajar. Nem mesmo a morte do marido, há 21 anos, vítima de câncer, fez Jeanne alterar os planos originais do casal de passar o resto da vida navegando.
“Quando George se foi, decidi seguir sozinha os planos que tínhamos“, diz Jeanne, que até hoje usa o mesmo barco que compraram há 30 anos, fazendo tudo sozinha (navegação, manutenção, reparos), sem a ajuda de ninguém, apesar da idade avançada.
“Me tornei uma resolvedora de problemas, especialmente no barco“, brinca a inglesa. “Não desisto facilmente. Mas, se algo não der certo da primeira vez, vejo como uma oportunidade para tentar novamente“.
“Tento sempre manter uma mentalidade positiva. Se estou no mar, no meio de uma tempestade, por exemplo, penso que é apenas uma questão de esperar o tempo melhorar“.
Torta de aniversário no barco
Pouco antes de chegar à Nova Zelândia, em sua quinta circum-navegação do planeta, Jeanne comemorou, sozinha no barco, seu aniversário de 81 anos, com uma torta decorada com a sua idade.
Antes disso, ela fez uma parada nas ilhas de Tonga, no Oceano Pacífico, onde nadou com baleias e seus filhotes.
“Foi uma experiência incrível“, lembra. “Apesar de estar há tanto tempo no mar, sempre encontro algo novo e fascinante“, assegura.
Deve bater outro recorde Em sua nova travessia, Jeanne está seguindo um ritmo mais tranquilo, com várias paradas e sem pressa. Uma abordagem bem diferente das duas últimas circum-navegações que realizou.
Na primeira, tornou-se a mulher mais idosa a dar a volta ao mundo velejando sozinha, sem fazer escalas.
Na seguinte, superou seu próprio recorde, realizando a volta ao mundo pela rota mais desafiadora, contornando os cinco principais cabos do globo terrestre — uma epopeia que durou 340 dias, navegando sem parar.
Naquela ocasião, Jeanne só não conquistou outro recorde — o de pessoa mais idosa a contornar o planeta velejando sozinha — porque foi superada pelo australiano Bill Hatfield, que fez o mesmo na mesma época, quando já tinha 81 anos.
Mas agora, ao iniciar mais uma volta ao mundo, Jeanne Socrates está prestes a se tornar a maior recordista de todos os tempos quando se trata de circum-navegar o planeta velejando sozinha, ignorando completamente o que diz o calendário.
Texto por: Redação