Segundo o relatório divulgado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu um montante de quase R$ 17,2 milhões por meio de transações via Pix durante o primeiro semestre de 2023. Essa significativa movimentação financeira foi atribuída pelo Coaf às “vaquinhas” (financiamentos coletivos) realizadas nas redes sociais para arcar com multas decorrentes do não uso de máscaras em períodos de pandemia.
O Correio Braziliense está buscando contato com Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro, para obter comentários a respeito do relatório, mas ainda não houve manifestação por parte dele.
De acordo com informações divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo, o relatório também revelou que, entre 1º de janeiro e 4 de julho, o ex-presidente da República efetuou mais de 769 mil transações via Pix, totalizando um valor de R$ 17.196.005,80. Ao longo desse período, Bolsonaro movimentou um montante total de R$ 18.498.532.
No início do ano, a chave Pix do ex-presidente foi amplamente divulgada nas redes sociais por ex-ministros e parlamentares do PL, com o objetivo de impulsionar as campanhas de arrecadação. No mesmo mês, a Justiça de São Paulo determinou o bloqueio de R$ 87 mil nas contas de Bolsonaro devido ao não pagamento de multas aplicadas durante a pandemia.
De acordo com o relatório do Coaf, os principais doadores identificados incluem empresários do agronegócio, que contribuíram com R$ 20 mil; um proprietário de uma empresa da construção civil, que doou R$ 10 mil; e um escritor, que destinou R$ 10 mil como doação.
Neste ano, também foram identificadas transações por Pix no valor de R$ 3,6 mil destinadas a Walderice Santos da Conceição, conhecida como Wal do Açaí, que foi apontada pelo Ministério Público Federal (MPF) como funcionária fantasma durante o período em que Bolsonaro ocupou o cargo de deputado federal.
Dentre os beneficiários das transferências, estão registrados 10 lançamentos no total de R$ 56.073 para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Além disso, foram identificadas 17 transferências para uma lotérica, somando R$ 14.268, cujos sócios são um irmão e um sobrinho de Bolsonaro.
No início do ano, Bolsonaro e outros políticos que o apoiam divulgaram solicitações nas redes sociais para que seus seguidores enviassem dinheiro com o objetivo de pagar as multas impostas pela Justiça. Uma dessas multas foi aplicada devido ao não cumprimento por Bolsonaro do uso obrigatório de máscara facial durante a pandemia.
Contudo, o ex-presidente não efetuou o pagamento do valor estipulado, o que resultou na determinação da Justiça de São Paulo de bloquear R$ 87,4 mil em suas contas, referentes a essa penalidade.
m suas redes sociais, no início de julho, Bolsonaro anunciou que o montante necessário para quitar as multas já havia sido arrecadado. Ele mencionou que essa contribuição foi espontânea por parte da população e que o valor arrecadado não só abrangia as multas atuais, mas também previa possíveis futuras penalidades.
O ex-presidente agradeceu a generosidade das pessoas, destacando que muitos contribuíram com valores variando entre R$ 2 e R$ 22, mesmo sem terem sido solicitados a fazê-lo. Ele ainda informou que em breve seria apresentado o valor total arrecadado.