A taxa de resultados positivos para testes de covid-19 registrou um aumento significativo no último mês. À medida que o Carnaval se aproxima, especialistas recomendam precauções.
O que ocorreu
Na rede Albert Einstein, em São Paulo, houve um aumento de 43% no número de diagnósticos positivos ao compararmos janeiro do ano anterior com janeiro de 2024. O hospital informou ao que em 2023 foram registrados 707 casos positivos, enquanto este ano já foram detectados 1.013 casos.
Nos laboratórios, a taxa de testes positivos na última semana de janeiro deste ano foi de 26%, de acordo com a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica). Em 2023, essa taxa foi de 13%. No entanto, o indicador ainda está abaixo de 2022, quando 59% dos 330 mil testes realizados foram positivos. A associação representa 65% dos laboratórios do país.
As unidades da Dasa, que fazem parte da Abramed, registraram uma taxa de positividade de 33% na última semana de janeiro (de 30 de janeiro a 5 de fevereiro). Na semana anterior, de 23 a 29 de janeiro, o índice foi de 29%.
O grupo Fleury afirmou que a positividade cresceu 56% de novembro do ano passado até fevereiro.
Para Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, esses números podem indicar “um melhor uso dos exames“. “Os médicos estão recomendando testes para um número menor de pessoas, mas com maior precisão em relação à identificação de casos de covid“, avaliou.
O infectologista Jean Gorinchteyn, ex-secretário da Saúde, sugeriu que novos casos podem ser resultado de infecções por novas variantes do coronavírus. “Sabíamos que o surgimento de novas variantes seria algo frequente“, afirmou.
Graças à vacinação contra o coronavírus, o quadro de saúde dos casos positivos atualmente é menos grave, disse o ex-secretário. Com a proximidade do Carnaval, o infectologista recomendou a realização de testes em caso de sintomas gripais antes de participar das festividades.
Segundo a Prefeitura de São Paulo, o número de casos de covid aumentou de dezembro de 2023 para janeiro deste ano. Foram 2.938 e 4.144 diagnósticos positivos, respectivamente. O prefeito Ricardo Nunes disse que a prefeitura está monitorando os casos, mas não acredita em um surto de covid devido ao Carnaval.
Procurado, o governo estadual afirmou que não houve aumento no número de testes positivos.
Aumento na procura
Redes de farmácias consultadas pela reportagem confirmaram um aumento na procura por testes. Na Pague Menos, por exemplo, houve um aumento de 40% na busca por testes em janeiro, em comparação com o mesmo mês em 2023. “Em dezembro, tivemos um aumento de 300% em comparação com o mesmo período de novembro“, disse a empresa.
Na rede Raia Drogasil, houve um aumento de 25% na procura por testes de covid na semana de 30 de janeiro a 6 de fevereiro deste ano. A busca cresceu 55% de janeiro para os primeiros dias de fevereiro.
Sintomas e recomendações
A Prefeitura e o governo estadual afirmam que estão monitorando o cenário de doenças respiratórias e recomendam as orientações básicas para evitar contágio. Manter o calendário de vacinas atualizado, incluindo a bivalente, é importante neste período, indicam os especialistas e autoridades.
Além dos sintomas convencionais, o governo de São Paulo destacou que há casos em que a febre está ausente e podem ocorrer sintomas gastrointestinais, como diarreia. No caso das crianças, além dos sintomas convencionais, é preciso considerar também a obstrução nasal. Já com os idosos, é necessário avaliar “critérios específicos de agravamento, como síncope, confusão mental, sonolência excessiva, irritabilidade e falta de apetite“.
A reportagem procurou o Ministério da Saúde, mas não obteve retorno.
O que dizem os especialistas
“Se tiver sintomas antes ou depois do Carnaval, não beije outras pessoas, e é importante evitar encontrar parentes idosos e pessoas mais suscetíveis, como diabéticos e cardiopatas. Divirta-se com responsabilidade.“
José Eduardo Levi, virologista da Dasa
“O Carnaval é conhecido como a festa do beijo, e naturalmente doenças como covid e outros quadros virais podem, sim, acontecer. Pede-se que pessoas com algum sintoma gripal, dor de garganta, nariz entupido ou febre não participem desses blocos ou usem máscara, mas isso prejudicaria o aproveitamento da folia.“
Jean Gorinchteyn, ex-secretário da Saúde
Texto por: Redação
