Mosquito geneticamente modificado e drone ajudam cidades à combater a dengue no Alto Tietê

Ciência e tecnologia são as armas usadas por cidades da Grande São Paulo no combate à dengue. Em Suzano, aedes aegypti geneticamente modificado é a chave da estratégia. Já em Ferraz de Vasconcelos a ajuda vem de drone.

Casas em bairros do município são monitoradas com drones com o objetivo de identificar focos de reprodução do mosquito. As duas cidades estão na lista dos 500 municípios brasileiros que receberam as primeiras doses da vacina contra a dengue.

Mudança Genética

Suzano aposta na tecnologia batizada de Aedes do Bem para diminuir a contaminação no município.

A tecnologia prevê que os mosquitos nascidos dentro de uma caixa cruzem com as fêmeas que já estão no ambiente. Só que, por causa da alteração genética feita antes mesmo deles ganharem vida, nascem apenas mosquitos machos do Aedes Aegypti. Isso porque são as fêmeas as transmissoras da dengue e de outras doenças como a zika e a chikungunya.

Luciana Medeiros é bióloga da empresa inglesa que desenvolveu a nova tecnologia. “Ao cruzar com as fêmeas, eles vão originar somente novos machos. As fêmeas morrem em estágio larval e a gente garante que 100% desses novos indivíduos são machos e assim a gente controla a população de Aedes Aegypti”, detalha Luciana.

A ativação é feita com o depósito de mil ovos do mosquito modificado dentro da caixa. Em seguida, os técnicos colocam água e conservantes. Esse processo é repetido ao longo do desenvolvimento do mosquito.

Em Suzano, as caixas foram instaladas no começo de fevereiro. No total foram 90 equipamentos distribuídos em 30 pontos considerados estratégicos no Jardim Varan.

O bairro lidera o registro da doença na cidade. “A gente conseguiu comprovar que o mosquito quando liberado nas áreas controla a própria população e não impacta em recursos naturais, na saúde humana e animal. Não deixa rastros. Não precisa de um químico para controlar e traz eficiência para esse cenário de infestação”, afirma a bióloga.

O secretário municipal de Saúde pedro Ishi diz que já tem visto resultados. “No dia 6, foi feito um primeiro trabalho. A gente já tinha um número em torno de 150 casos e agora a gente está abaixando para 120. A proporção é que a gente chegue na próxima em torno de 100 casos e aí é um acúmulo de ações que a gente vem fazendo.”

O secretário avalia que existe a previsão do trabalho ser ampliado para outros pontos da cidade, conforme análise dos indicadores de saúde. “A gente já iniciou uma fase no Monte Cristo. Estamos estudando também uma nova no Jardim Nova América e aí assim a gente vai ampliando conforme o mapa epidemiológico.”

Uso de drones

A tecnologia também é a ferramenta utilizada por Ferraz de Vasconcelos no combate à doença. O drone usado pela Guarda Civil Municipal (GCM) nas operações de segurança contra a criminalidade agora monitora os bairros da cidade em busca de criadouros do mosquito.

“A ideia foi que a gente foi passando nos locais mais complicados, como a Vila Jamil, que é o local onde tem mais casos de notificados e também positivos. E encontramos várias dificuldades para entrar nos imóveis, como imóveis fechados, inacessíveis aos agentes de endemias e comunitários de saúde. Com o drone a gente consegue visualizar de forma ampla caixas d’águas abertas, inservíveis em quintais, piscinas, lajes cheias de água que a gente não consegue ver da rua”, afirma o coordenador do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Jean Carlos Brito da Silva.

Dois bairros já receberam os trabalhos desde 24 de fevereiro. Os proprietários dos terrenos que apresentem problemas devem ser notificados pela Vigilância Epidemiológica. A ideia da Prefeitura é que o monitoramento seja semanal. “Não temos como fazer todos os dias nossas equipes também são reduzidas. Mas queremos intensificar mais ainda essas ações.”

A ação é um reforço no combate à proliferação do mosquito, mas que para o cenário na saúde melhore essa operação depende de todos. “Nós do poder públicos passamos para orientar, ajudar e apoiar. Mas se cada um não fizer sua ação, nós não temos como vencer isso. Então, 80% da ação é do munícipe. Quem está adoecendo são todos nós.”