Durante uma transmissão da televisão estatal venezuelana, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, dirigiu-se ao povo brasileiro usando uma mistura de português e espanhol — o chamado “portunhol” — e pediu que brasileiros “saíssem às ruas” em apoio à Venezuela.
Com um boné do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nas mãos, entregue como presente ao governo venezuelano, Maduro saudou o Brasil e chamou o gesto de símbolo de solidariedade entre movimentos sociais dos dois países.
“Povo do Brasil, saiam às ruas para apoiar a Venezuela em sua luta pela paz e soberania. Temos direito à paz com soberania. Viva o Brasil.” disse.
Contexto de tensão internacional
O apelo ocorreu em meio à escalada de tensão entre o governo venezuelano e autoridades dos Estados Unidos, que têm intensificado operações navais no Caribe e no Pacífico sob o argumento de combater o narcotráfico. As ações aumentaram a pressão diplomática sobre Caracas.
O governo venezuelano, por sua vez, rejeita as acusações e afirma que Washington utiliza essas operações como pretexto para desestabilizar o país e buscar maior influência sobre suas riquezas naturais, especialmente o petróleo.
Neste cenário, o pedido de Maduro ao Brasil busca reforçar apoio internacional e mobilizar simpatizantes fora das fronteiras venezuelanas, sobretudo entre movimentos sociais latino-americanos que mantêm afinidade ideológica com o chavismo.
Repercussão e significado
O discurso em “portunhol” foi interpretado como uma tentativa de aproximar a mensagem do público brasileiro e reforçar a ideia de união entre os países latino-americanos. Ao exibir o boné do MST, Maduro também buscou fortalecer simbolicamente sua conexão com movimentos sociais brasileiros identificados com a esquerda.
A convocação, porém, gerou controvérsia, já que ocorre em um momento marcado por críticas internacionais ao governo venezuelano e por acusações externas envolvendo tráfico de drogas e violações democráticas. Para analistas, o apelo direcionado aos brasileiros pode ser entendido como um esforço de ampliar apoio externo e consolidar sua narrativa de resistência diante das pressões internacionais.




