A morte de um jovem de 19 anos, atacado por uma leoa após invadir o recinto do animal no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, a Bica, em João Pessoa, no último domingo (30), provocou forte comoção e abriu uma série de questionamentos sobre segurança, protocolos e as circunstâncias que levaram à invasão. O parque permanece fechado enquanto as investigações avançam.
Como ocorreu a invasão?
Imagens registradas por visitantes mostram o momento em que o jovem escala a estrutura lateral do recinto. Ele ultrapassou uma parede de mais de seis metros, passou por grades de proteção e usou uma árvore interna como apoio para alcançar o espaço onde vive a leoa Leona.
O ataque aconteceu durante o horário de visitação, por volta das 10h, enquanto o animal descansava próximo ao vidro de observação. Assim que percebeu o invasor, Leona se deslocou pela área do recinto e avançou sobre o jovem, que não conseguiu escapar.


Quem era a vítima?
A vítima foi identificada como Gerson de Melo Machado, conhecido como Vaqueirinho de Mangabeira. Aos 19 anos, ele tinha histórico de transtornos mentais e acumulava diversas ocorrências policiais desde a adolescência. Segundo pessoas próximas, já havia passado por atendimentos em centro especializado, mas tinha abandonado o acompanhamento.
Ele havia sido liberado da prisão dois dias antes do incidente.
Causa da morte
De acordo com a perícia, Gerson morreu em consequência de choque hemorrágico, provocado por ferimentos profundos e contundentes na região do pescoço.
Estrutura e segurança do recinto
A administração do parque afirma que o espaço da leoa segue todas as exigências técnicas previstas por normas federais, incluindo barreiras acima do mínimo obrigatório. As estruturas possuem mais de seis metros de altura, acrescidas de bordas negativas que dificultam tentativas de escalada.
Leona, uma leoa nascida no próprio parque em 2007 e que pesa cerca de 130 kg, é treinada anualmente em procedimentos de manejo, o que teria permitido que ela retornasse ao abrigo seguro após o ataque sem a necessidade de tranquilizantes.
Estado da leoa
Após o episódio, Leona apresentou sinais de estresse e choque, mas respondeu aos comandos da equipe e foi contida. Ela passou por avaliação veterinária imediata e segue em observação.
A administração do parque ressaltou que não há qualquer possibilidade de eutanásia, considerando que o ataque foi uma reação instintiva diante de uma invasão clara do seu território.

Medidas tomadas pelo parque
O Parque Arruda Câmara foi evacuado logo após o ataque e teve visitações suspensas por tempo indeterminado. A Secretaria de Meio Ambiente do município está à frente da apuração e colabora com as demais autoridades envolvidas.
Investigações em andamento
A prefeitura instaurou uma investigação interna e afirmou que, apesar das medidas de segurança, o jovem insistiu na escalada e conseguiu ultrapassar todas as barreiras do recinto. Órgãos como a Polícia Militar, o Instituto de Polícia Científica e o Conselho Regional de Medicina Veterinária também acompanham o caso.
O município lamentou a morte de Gerson e prestou solidariedade à família, reiterando que o episódio foi resultado de uma invasão deliberada às áreas restritas do zoológico.




