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China dispara 27 foguetes em águas próximas a Taiwan e amplia tensão militar na região

Exercícios militares incluem lançamentos com munição real, cercam a ilha com aeronaves e navios e simulam bloqueio aos portos de Kaohsiung e Keelung; Japão alerta para necessidade de proteger Taiwan.

A China lançou 27 foguetes em águas próximas a Taiwan nesta terça-feira (30) durante os maiores exercícios militares já realizados ao redor da ilha desde 2022, segundo informações do Ministério da Defesa taiwanês. Parte dos projéteis caiu na chamada zona contígua, área marítima a até 24 milhas náuticas da costa, mais próxima do território taiwanês do que em treinamentos anteriores.

As manobras elevaram o nível de alerta em Taiwan e reacenderam preocupações internacionais sobre a estabilidade no Estreito de Taiwan.


Exercícios militares simulam bloqueio e uso de munição real

As ações fazem parte da operação “Missão Justiça 2025”, que simula um bloqueio naval e aéreo à ilha. O Comando do Teatro Oriental da China realizou cerca de 10 horas de exercícios com munição real, com lançamentos de foguetes ao norte e ao sul de Taiwan.

Durante as manobras, forças chinesas também exibiram novos navios de assalto anfíbio, além de empregar unidades da Marinha e da Força Aérea em simulações de ataques marítimos, aéreos e operações antissubmarino.


Bloqueio ao porto de Kaohsiung e a Keelung

Pela primeira vez, os militares chineses confirmaram que os exercícios simularam diretamente o bloqueio de portos estratégicos de Taiwan, incluindo Kaohsiung, a maior cidade portuária da ilha, no sul, e Keelung, importante porto localizado no norte do território.

Segundo Pequim, o bloqueio a essas áreas é considerado “fundamental” para o treinamento, já que os portos são essenciais para o abastecimento, a economia e a movimentação militar de Taiwan em caso de conflito.


71 aeronaves e 24 navios chineses cercam Taiwan

De acordo com dados oficiais, 71 aeronaves militares chinesas e 24 embarcações da Marinha e da Guarda Costeira foram detectadas operando ao redor da ilha apenas no segundo dia de exercícios.

Navios da Guarda Costeira chinesa também monitoraram embarcações taiwanesas durante as manobras, ampliando a pressão militar sobre o território.


Taiwan acusa China de minar a ordem internacional

O governo de Taiwan afirmou que as ações chinesas “minam continuamente a ordem internacional” e representam uma ameaça direta à paz e à estabilidade regional. Autoridades reforçaram o compromisso de cooperação com países aliados e parceiros que compartilham valores democráticos, como Estados Unidos, Japão, União Europeia e o G7.

Segundo Taipei, a comunicação com esses países é essencial para conter uma escalada militar na região.


Japão alerta que é preciso ‘acordar’ para proteger Taiwan

Em meio à escalada de tensões, declarações do vice-ministro da Defesa do Japão, Yasuhide Nakayama, voltaram a ganhar destaque. Ele afirmou que é necessário “acordar” para a pressão da China sobre Taiwan e defendeu que a ilha seja protegida “como um país democrático”.

Nakayama também questionou se a política internacional de “uma só China”, adotada por diversos países desde os anos 1970, resistirá ao julgamento das próximas gerações. Para ele, Taiwan representa uma “linha vermelha”, e sua segurança impacta diretamente o Japão, especialmente a região de Okinawa, onde estão bases militares dos Estados Unidos.

O ministro japonês ainda alertou para o avanço das capacidades chinesas em áreas como mísseis, espaço, cibersegurança e forças nucleares, além de citar a cooperação militar entre China e Rússia como fator de preocupação crescente.


Reação dura de Pequim às declarações do Japão

A China reagiu duramente às falas do vice-ministro japonês, classificando-as como “sinistras, perigosas e irresponsáveis”. O governo chinês reiterou que Taiwan é parte integrante de seu território e acusou o Japão de violar entendimentos diplomáticos ao tratar a ilha como um país.

Pequim também exigiu esclarecimentos do governo japonês e afirmou que não aceitará interferências externas na chamada “questão de Taiwan”.


Contexto com os Estados Unidos e dissuasão externa

Os exercícios chineses começaram 11 dias após os Estados Unidos anunciarem um pacote recorde de US$ 11,1 bilhões em armas para Taiwan. Segundo autoridades chinesas, as manobras visam dissuadir intervenções externas e demonstrar capacidade militar para um eventual conflito.

Em comunicado recente, Pequim afirmou que qualquer força estrangeira que tente interferir em Taiwan enfrentará uma resposta firme do Exército de Libertação Popular.


Maior exercício já realizado ao redor da ilha

Este é o sexto grande exercício militar da China na região desde 2022 e é considerado o maior em área, intensidade e proximidade com Taiwan. Analistas avaliam que a simulação de bloqueio aos portos de Kaohsiung e Keelung representa um novo patamar de pressão estratégica, reforçando o cenário de tensão no Estreito de Taiwan.