Utilizando conceitos de eletromiografia e biomecânica, projeto tem como objetivo auxiliar na reabilitação de mãos e braços amputados; protótipo foi um dos destaques da 11ª edição da Mostra 3M
Na busca por avanços tecnológicos focados em impactar positivamente a vida das pessoas, um aluno da Escola Técnica Estadual (Etec) Bento Quirino, de Campinas, destacou-se ao desenvolver um projeto inovador de prótese avançada para membros superiores amputados. A ideia de Samuel Andrade da Silva Lenso, estudante do curso técnico em Eletrônica, projeta uma nova era na reabilitação, combinando conhecimentos de biomecatrônica e de eletromiografia (EMG), técnica de monitoramento da atividade elétrica das membranas musculares.
O trabalho surgiu a partir do desejo de ajudar um amigo, que, devido a uma condição de nascença, não consegue controlar o braço direito. “Ele tem o membro atrofiado, mas as conexões nervosas musculares funcionam. Meu objetivo é poder presenteá-lo no futuro com uma solução que possa devolver o braço que ele não teve a vida toda”, explica Samuel.
Orientado pelos professores Marcelus Guirardello e Regina Kawakami, o projeto passou por diversas etapas. Inicialmente, um modelo 3D foi concebido, baseando-se em exemplos de mercado. Em seguida, foi aprimorado para oferecer maior conforto e praticidade durante o uso. O emprego da tecnologia de impressão 3D auxiliou na materialização da estrutura, seguida pela construção dos sistemas internos de controle de movimento dos dedos e do pulso.
O diferencial está na integração da leitura de ondas eletromiográficas, proporcionando um controle mais preciso. Utilizando estímulos gerados por músculos residuais ou circuitos nervosos ativos, a prótese apresenta uma resposta mais natural e eficiente, promovendo uma recuperação muscular mais eficaz, conforme a funcionalidade do membro original.
Superação e resiliência
Próximo às datas para inscrições em feiras de ciências, Samuel perdeu a parte escrita do trabalho devido à queima do disco rígido do computador e precisou recomeçar o processo. “Apesar do contratempo, o jovem superou as expectativas e conseguiu atingir as etapas propostas”, conta a professora Regina. O esforço valeu a pena e o projeto chegou a ser um dos finalistas da 11ª Mostra de Ciências e Tecnologia Instituto 3M, competição que reúne trabalhos desenvolvidos por alunos dos Ensinos Fundamental, Médio e Técnico matriculados em escolas públicas e privadas das regiões metropolitanas de Campinas e Ribeirão Preto.
O professor Marcelus ressalta o conhecimento adquirido com a proposta. “A experiência prática de montar algo, fazer, criar e colocar a ‘mão na massa’, proporciona ao aluno um complemento muito grande ao que ele aprende nas aulas.”
Com o desenvolvimento do protótipo e outras pesquisas teóricas, o estudante acredita que será possível inserir a solução no mercado e transformá-la em um produto que irá contribuir para um futuro mais inclusivo e acessível a todos.